Mulheres são quase metade dos microempreendedores individuais de Curitiba



Rosicler Deresch, 50 anos, é referência na Fazendinha quando o assunto é beleza. Há 20 anos, ela vem conquistando uma clientela fiel em busca dos seus cortes, escovas e colorações. A cabeleireira, que comanda um salão na Rua Pablo Picasso, em frente à UPA e à Rua da Cidadania do bairro, é um exemplo do avanço das mulheres no empreendedorismo de Curitiba. Hoje, elas representam 49% dos 78 mil microempreendedores individuais (MEIs) da capital.
“A cidade conta, atualmente, com 38,2 mil microempreendedoras individuais. Em alguns setores, elas são maioria, representando 78% na atividade de cabeleireiro, 79,5% na de pequeno varejo de vestuário e acessório e até 96,3% em outros segmentos de tratamento de beleza, como manicure e depilação”, conta Letícia Justus, coordenadora dos Espaços Empreendedor, unidades da Prefeitura que oferecem serviços gratuitos para os MEIs. Outras áreas com grande atuação de mulheres MEI são treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial (52,8%) e atividades de ensino (55,8%).
De acordo com Letícia, o avanço das mulheres no empreendedorismo local tem sido importante. “Boa parte delas tem o próprio negócio como objetivo, mas há também uma parcela significativa de mulheres que buscam se tornar MEI por necessidade e acabam ‘se encontrando’ como empreendedoras”, salienta a coordenadora dos espaços vinculados à Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação.
Letícia reforça que, nas oito unidades da Prefeitura (www.agencia.curitiba.pr.gov.br/espaco-empreendedor), todos os serviços de apoio aos MEIs são gratuitos, como a formalização ou encerramento da empresa, a emissão de alvará e a realização da declaração anual. Além disso, a pessoa pode obter informações contábeis do negócio, como débitos em aberto e formas de quitação.
Uma cooperação técnica entre a Agência Curitiba e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná (Sebrae/PR) também garante aos MEIs a oferta de consultorias de profissionais em gestão do negócio. “Essas consultorias oferecidas aos MEIs formalizados são customizadas, pois levam em conta as peculiaridades do negócio de cada microempreendedor individual, inclusive, se é uma mulher, que muitas vezes trabalha em casa e tem tripla jornada de trabalho”, explica Letícia.
Vários papéis 
Mãe, esposa e MEI. Para cumprir todos estes papeis, é preciso ter muita disciplina. “Além de trabalhar no salão, ainda sou artista plástica e cuido da casa, do meu marido e dos meus dois filhos”, conta Rosicler Deresch, dona do Salão Toke Mágico, na Fazendinha.
De acordo com ela, a rotina, muitas vezes é estressante, mas vale a pena. “As mulheres têm que ir pra cima mesmo, encarar os desafios e conquistar espaço. Só é preciso mesmo ter muito cuidado com os horários”, aconselha a microempreendedora individual. Ela acorda às 5h30 da manhã para preparar o café para a filha ir à escola e só vai dormir por volta da meia noite, após cuidar dos afazeres da casa e de relaxar criando algumas peças em seu pequeno ateliê.
A diarista Elena Maria Barbosa, 44 anos, procurou há seis meses um dos Espaços Empreendedor para se formalizar como MEI, sistema simplificado de criação de empresa em que é possível ter CNPJ e benefícios como aposentadoria e auxílios doença e maternidade.
Mais tranquila agora com a formalização e as garantias previdênciárias, ela se desdobra para atender os clientes e ainda cuidar da casa e dos filhos Valdir, 22 anos, e Pedro, 4 anos. “A gente tenta fazer tudo com perfeição e ser muito correta com os horários. Mas é preciso aprender a dividir algumas tarefas”, observa Elena, que em meio ao trabalho, das 8h às 17h, corre para buscar o filho mais novo no CMEI Marechal Rondon, na CIC, e ainda precisa arrumar a casa e cuidar das refeições da família à noite. “É muito trabalho todo dia, mas eu estou lutando para oferecer um futuro para os meus meninos”, ressalta ela.

Dicas para microempreendedoras:
Trabalhar como MEI em casa ajuda a reduzir custos com a empresa e, no caso das mulheres, facilita o dia a dia, por conta dos afazeres domésticos e com os filhos. Essa escolha, no entanto, pode causar alguns riscos. A seguir, cinco dicas de Letícia Justus, coordenadora dos Espaços Empreendedor, da Prefeitura, para evitar problemas:  
1 - Não é folga: avise aos familiares que é trabalho, mesmo sendo na residência. Não dá para ficar interrompendo ou ajudando nos afazeres domésticos.
2 - Estabeleça uma rotina: tenha hora para começar o expediente e para as pausas ao longo do dia. Também marque horário para encerrá-lo.
3 - Tenha um espaço para trabalhar: monte seu mini escritório longe dos lugares por onde os outros moradores circulam.
4 - Upgrade nos serviços: contrate uma linha de telefone ou internet mais veloz.
5 - Programe reuniões fora de casa para que você possa se relacionar com outros profissionais e sair da rotina. 

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