Cuidar de bichos era fixação de Guimarães Rosa


"Creio, firmemente, que os animais têm alma, e que, algum dia, sob não sei que forma, havemos de rever os nossos – aos quais o amor desinteressado uniu, e, ainda mais, talvez, o sofrimento.” (Guimarães Rosa, em carta)


Felinamente. Assim um amigo de Guimarães Rosa definiu como agia o escritor ao lado de seus gatos.
Quem ia ao apartamento do mineiro, em Copacabana, logo notava que ele se misturava aos bichos. Paulo Dantas ainda escreveu: “Em casa, lá estava Rosa, íntimo, comungante, ao lado de belos gatos aveludados. Rosa neles se esfregava voluptoso. Com os gatos, movia-se a pessoa de Rosa”.

A paixão do autor de Grande Sertão: Veredas não era apenas pelos felinos e vinha da infância, quando vivia numa chácara com perdizes, cabras e saguis de estimação. Um veadinho que o pai trouxera de uma caçada foi o primeiro bicho pelo qual se apegou. Depois teve um carneirinho branco inseparável.

Já adulto, sempre manteve animais em casa e se alegrava ao contar sobre eles aos amigos e familiares. Um papagaio chamado Louro sabia cantar, assobiar, aboiar, tossir e chorar como criança. “É um pândego”, contou ao pai, em carta de 1952.

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