OMS decide na quarta-feira se declara emergência internacional por causa de ebola na RD Congo

por ONU Brasil
Uma profissional de saúde no centro de tratamento de ebola de Butembo dá um beijo num bebê de sete meses, cuja mãe morreu de ebola poucos dias antes. Imagem registrada na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Foto: UNICEF/Vincent Tremeau
Uma profissional de saúde no centro de tratamento de ebola de Butembo dá um beijo num bebê de sete meses, cuja mãe morreu de ebola poucos dias antes. Imagem registrada na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Foto: UNICEF/Vincent Tremeau
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai decidir na quarta-feira (17) se considera ou não que o atual surto de ebola na República de Democrática do Congo constitui uma emergência internacional de saúde. Reunião para reavaliar o estado da epidemia foi convocada após a confirmação de um caso de ebola na cidade congolesa de Goma, que possui 2 milhões de habitantes e faz fronteira com Ruanda.
Todos os meses, estima-se que 1,1 mil pessoas cruzem a fronteira com o território ruandense.
O encontro de especialistas em saúde pública acontece em Genebra, na Suíça, sede da OMS. Esta é a quarta vez em que o painel de emergência se reúne desde que o surto na RD Congo teve início, cerca de um ano atrás.
Durante a reunião, serão discutidas tendências epidemiológicas, medidas de vacinação, a atuação dos profissionais de saúde, a participação da comunidade na resposta à doença e as informações mais recentes sobre quem sobreviveu à infecção.
Fadela Chaib, porta-voz da OMS, explicou nesta terça-feira (16) que o comitê do organismo internacional preferia evitar o isolamento de um país por causa da doença, pois isso pode dificultar a resposta ao surto.
Segundo a representante da agência da ONU, medidas já estão sendo implementadas para evitar a transmissão do ebola da RD Congo para os noves países que fazem fronteira com a nação. A OMS está enviando equipes aos vizinhos dos congoleses para avaliar se as autoridades estão preparadas para responder a eventuais casos da doença.

Ebola está infectando mais crianças

Também nesta terça (16), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que a doença tem infectado mais crianças do que em surtos anteriores.
De acordo com a porta-voz do organismo, Marixie Mercado, já foram registradas 750 ocorrências de ebola entre meninos e meninas congoleses. "Isso representa 31% do total de casos, comparado a cerca de 20% em surtos anteriores", disse a representante.
A porta-voz informou ainda que a taxa de fatalidade dos casos de ebola para as crianças com menos de cinco anos de idade é de 77%. Os meninos e meninas nessa faixa etária representam 40% das 750 crianças já infectadas com a doença.
Até o momento, já foram identificadas mais de 2,5 mil infecções por ebola nas províncias congolesas de Ituri e Kivu do Norte, segundo a OMS. Quase 1.670 pessoas morreram devido à doença. O surto é considerado o pior da história da República Democrática do Congo e o segundo maior já registrado em todo o mundo.

Vacina tem 97% de eficácia

A OMS confirmou na terça-feria que uma vacina da farmacêutica Merck tem 97% de eficácia para tratar o ebola quando administrada num período de até dez dias após o início do aparecimento de sinais de infecção. Segundo o organismo internacional, até o momento, não foi registrada falta de vacinas para responder ao surto.
Segundo informações divulgadas pelo diretor-geral da OMS na véspera, mais de 161 mil pessoas já receberam a vacina. Em torno de 140 mil casos de contato entre pessoas infectadas e não infectadas foram rastreados e tiveram acompanhamento. Além disso, 71 milhões de viajantes foram examinados.
O custo de todas essas medidas foi estimado em 250 milhões de dólares, um montante que está crescendo, de acordo com a OMS.

Outras doenças ameaçam população congolesa

Quem mora no nordeste da RD Congo — onde estão localizadas as províncias de Ituri e Kivu do Norte — enfrenta não apenas o risco do ebola, mas também problemas de saúde crônicos da região, como a malária e o sarampo. Segundo o UNICEF, as duas doenças já mataram neste ano um número bem maior do que as vítimas de ebola. O sarampo, por exemplo, já deixou quase 2 mil mortos — mais de dois terços dos óbitos eram de crianças.
Outra enfermidade que preocupa a ONU é a cólera, que ameaça populações de congoleses que foram deslocados por recentes confrontos armados.
"Os profissionais de saúde precisam estar equipados com a capacidade e com os recursos para implementar (mecanismos de) controle e prevenção básicos de infecções", afirmou Marixie Mercado.
Na semana passada, o UNICEF anunciou o início de uma campanha de vacinação contra o sarampo em Ituri, onde a agência da ONU espera imunizar 67 mil crianças. O grupo visado é uma pequena parcela dos 400 mil congoleses que estão em situação de deslocamento forçado devido a conflitos entre o governo e grupos armados.

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