OMS decide na quarta-feira se declara emergência internacional por causa de ebola na RD Congopor ONU Brasil |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai decidir na quarta-feira (17) se considera ou não que o atual surto de ebola na República de Democrática do Congo constitui uma emergência internacional de saúde. Reunião para reavaliar o estado da epidemia foi convocada após a confirmação de um caso de ebola na cidade congolesa de Goma, que possui 2 milhões de habitantes e faz fronteira com Ruanda.
Todos os meses, estima-se que 1,1 mil pessoas cruzem a fronteira com o território ruandense.
O encontro de especialistas em saúde pública acontece em Genebra, na Suíça, sede da OMS. Esta é a quarta vez em que o painel de emergência se reúne desde que o surto na RD Congo teve início, cerca de um ano atrás.
Durante a reunião, serão discutidas tendências epidemiológicas, medidas de vacinação, a atuação dos profissionais de saúde, a participação da comunidade na resposta à doença e as informações mais recentes sobre quem sobreviveu à infecção.
Fadela Chaib, porta-voz da OMS, explicou nesta terça-feira (16) que o comitê do organismo internacional preferia evitar o isolamento de um país por causa da doença, pois isso pode dificultar a resposta ao surto.
Segundo a representante da agência da ONU, medidas já estão sendo implementadas para evitar a transmissão do ebola da RD Congo para os noves países que fazem fronteira com a nação. A OMS está enviando equipes aos vizinhos dos congoleses para avaliar se as autoridades estão preparadas para responder a eventuais casos da doença.
Ebola está infectando mais crianças
Também nesta terça (16), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que a doença tem infectado mais crianças do que em surtos anteriores.
De acordo com a porta-voz do organismo, Marixie Mercado, já foram registradas 750 ocorrências de ebola entre meninos e meninas congoleses. "Isso representa 31% do total de casos, comparado a cerca de 20% em surtos anteriores", disse a representante.
A porta-voz informou ainda que a taxa de fatalidade dos casos de ebola para as crianças com menos de cinco anos de idade é de 77%. Os meninos e meninas nessa faixa etária representam 40% das 750 crianças já infectadas com a doença.
Até o momento, já foram identificadas mais de 2,5 mil infecções por ebola nas províncias congolesas de Ituri e Kivu do Norte, segundo a OMS. Quase 1.670 pessoas morreram devido à doença. O surto é considerado o pior da história da República Democrática do Congo e o segundo maior já registrado em todo o mundo.
Vacina tem 97% de eficácia
A OMS confirmou na terça-feria que uma vacina da farmacêutica Merck tem 97% de eficácia para tratar o ebola quando administrada num período de até dez dias após o início do aparecimento de sinais de infecção. Segundo o organismo internacional, até o momento, não foi registrada falta de vacinas para responder ao surto.
Segundo informações divulgadas pelo diretor-geral da OMS na véspera, mais de 161 mil pessoas já receberam a vacina. Em torno de 140 mil casos de contato entre pessoas infectadas e não infectadas foram rastreados e tiveram acompanhamento. Além disso, 71 milhões de viajantes foram examinados.
O custo de todas essas medidas foi estimado em 250 milhões de dólares, um montante que está crescendo, de acordo com a OMS.
Outras doenças ameaçam população congolesa
Quem mora no nordeste da RD Congo — onde estão localizadas as províncias de Ituri e Kivu do Norte — enfrenta não apenas o risco do ebola, mas também problemas de saúde crônicos da região, como a malária e o sarampo. Segundo o UNICEF, as duas doenças já mataram neste ano um número bem maior do que as vítimas de ebola. O sarampo, por exemplo, já deixou quase 2 mil mortos — mais de dois terços dos óbitos eram de crianças.
Outra enfermidade que preocupa a ONU é a cólera, que ameaça populações de congoleses que foram deslocados por recentes confrontos armados.
"Os profissionais de saúde precisam estar equipados com a capacidade e com os recursos para implementar (mecanismos de) controle e prevenção básicos de infecções", afirmou Marixie Mercado.
Na semana passada, o UNICEF anunciou o início de uma campanha de vacinação contra o sarampo em Ituri, onde a agência da ONU espera imunizar 67 mil crianças. O grupo visado é uma pequena parcela dos 400 mil congoleses que estão em situação de deslocamento forçado devido a conflitos entre o governo e grupos armados.
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