Diretora regional da OMS pede que países repensem resposta ao HIV

por ONU Brasil
O UNAIDS Brasil destaca que a adesão e o consequente sucesso do tratamento antirretroviral depende do acesso ininterrupto e em tempo adequado aos medicamentos. Foto: UNAIDS Brasil
O UNAIDS Brasil destaca que a adesão e o consequente sucesso do tratamento antirretroviral depende do acesso ininterrupto e em tempo adequado aos medicamentos. Foto: UNAIDS Brasil
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e diretora regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), Carissa F. Etienne, destacou que a inovação científica tem garantido um progresso sem precedentes contra o HIV/Aids, mas instou os países a repensarem a resposta para pôr fim à epidemia.
“A ciência tem guiado a inovação rumo a um progresso sem precedentes na resposta a uma doença infecciosa que, até pouco tempo, representava uma ameaça à vida de muitas pessoas”, afirmou Etienne. No entanto, acrescentou que “o mundo não está a caminho de alcançar o objetivo de eliminar a Aids como uma ameaça para a saúde pública até 2030”.
Em seu discurso de abertura na 10ª Conferência da IAS sobre Ciência do HIV (IAS 2019), organizada pela Sociedade Internacional de Aids entre 21 e 24 de julho na Cidade do México, a diretora da OPAS/OMS reconheceu que a elaboração e a implementação de enfoques baseados em saúde pública, direitos humanos e evidências têm conseguido reverter o curso da epidemia em muitos países.
“Com base em nossos êxitos anteriores, é hora de reconsiderar nossa resposta para assegurar que alcancemos nossos objetivos”, afirmou Etienne. Além disso, a diretora pontuou que “o caminho para acabar com a Aids passa por oferecer acesso e cobertura universal de saúde”.
Segundo Etienne, a agenda de desenvolvimento sustentável e o reforço do compromisso global com a cobertura universal de saúde são uma oportunidade para a sustentabilidade e o financiamento da resposta ao HIV, assim como a integração e ampliação da prevenção, diagnóstico e tratamento da infecção com outros serviços de saúde.
“É hora de os serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento antirretroviral para HIV estarem totalmente disponíveis junto aos serviços de tuberculose, infecções sexualmente não transmissíveis, hepatites virais, saúde sexual e reprodutiva e doenças crônicas não transmissíveis no primeiro nível de atenção, onde as necessidades das comunidades afetadas podem ser mais bem atendidas”, pontuou a diretora da OPAS/OMS.
O enfoque de integração de serviços, segundo Etienne, tem sido promovido pela OPAS nas Américas e conseguido a eliminação dual da transmissão vertical do HIV e da sífilis em diversos países por meio da provisão de serviços integrais de saúde materno-infantil oferecidos na atenção primária à saúde.
A diretora da OPAS considera que são necessárias mais pesquisas para que a inovação continue melhorando a efetividade dos métodos de prevenção, os regimes de tratamento, o desenvolvimento de novas ferramentas de laboratório e o uso de plataformas integradas para o diagnóstico e o monitoramento.
Além disso, para Etienne são necessários mais dados e evidências para a prestação de serviços custo-efetivos e amigáveis com o intuito de refinar a luta contra o estigma e a discriminação nos serviços de saúde e continuar explorando novos mecanismos de financiamento que promovam a sustentabilidade.

Prevenção não chega às populações-chave

Depois de reconhecer as contribuições da comunidade LGBTI e salientar que o princípio do ativismo contra o HIV de "não deixar ninguém para trás" se tornou um eixo central da agenda de desenvolvimento, Etienne revisou os dados mais recentes sobre a epidemia.
Segundo o UNAIDS, os programas de diagnóstico e tratamento em várias regiões do mundo não estão no caminho certo e as lacunas tendem a ser maiores entre as populações com maior risco de infecção, jovens e crianças.
Desta forma, novas infecções por HIV registraram um aumento na Europa Oriental e na Ásia Central (+29%), Oriente Médio e Norte da África (+10%) e América Latina (+7%). Populações-chave (homens que fazem sexo com homens, pessoas transexuais e profissionais do sexo) e seus parceiros sexuais representam agora até 54% das novas infecções em todo o mundo, mas menos de 50% são alcançados com a gama de métodos de prevenção que, combinados, podem evitar a infecção.
"A ciência e a inovação devem encontrar soluções para novos e antigos desafios. Os novos conhecimentos e orientações só terão impacto se houver programas nacionais e sistemas comunitários sólidos nos países para implementá-los", disse Etienne.
A diretora da OPAS indicou que "a ciência, a evidência e a inovação devem continuar a orientar políticas, programas e investimentos em HIV" e pediu a todos os parceiros que intensifiquem e acelerem as ações para acabar com a Aids até 2030.

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