ACNUR e consultoria de RH promovem diálogo sobre inserção de refugiados no mercado brasileiro

por ONU Brasil
A oficina realizada pelo ACNUR e ManpowerGroup promoveu a troca de informações, boas práticas e conhecimentos sobre a contratação de pessoas refugiadas no Brasil. Foto: ACNUR/Miguel Pachioni
A oficina realizada pelo ACNUR e ManpowerGroup promoveu a troca de informações, boas práticas e conhecimentos sobre a contratação de pessoas refugiadas no Brasil. Foto: ACNUR/Miguel Pachioni
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a consultoria de recursos humanos ManpowerGroup realizaram em São Paulo (SP) uma oficina para apoiar organizações da sociedade civil que trabalham com a inserção de refugiados no mercado brasileiro. O evento discutiu como oferecer oportunidades de emprego compatíveis com a formação e a experiência profissional desses indivíduos.
Os dois dias de encontro na semana passada promoveram uma troca de conhecimentos práticos entre as instituições que desenvolvem iniciativas na área de empregabilidade dos refugiados.
“Ao conciliarmos as experiências já existentes entre as organizações da sociedade civil com os amplos conhecimentos que as pessoas refugiadas têm em contribuir para o desenvolvimento das empresas no Brasil, fica evidente o potencial da articulação em rede entre as organizações e a iniciativa privada”, aponta o oficial de meios de vida e integração do ACNUR, Paulo Sérgio Almeida.
Uma pesquisa recente da agência da ONU mostrou que mais da metade (57,5%) dos refugiados no Brasil está trabalhando. Outros 19,5% estão procurando trabalho, ao passo que 5,7% são considerados desocupados — não estão empregados nem em busca de emprego.
Mas entre os que estão empregados, em torno de 68% não utilizam sua formação de origem na atividade que desempenham no Brasil. Segundo o ACNUR, em terras brasileiras, mais de 90% dos refugiados não conseguem revalidar diplomas de capacitação e de estudos, nos mais variados níveis de ensino.
Wilma Dal Col, diretora de Gestão Estratégica de Pessoas do ManpowerGroup, afirma que "os refugiados, comprovadamente, fazem a diferença dentro das companhias, levando para dentro delas as suas competências, juntamente com a sua história e cultura".
"No Brasil, não há motivos para ser diferente. Esperamos poder contribuir não apenas para o desenvolvimento dessas pessoas, mas também na sensibilização das empresas para que compreendam o seu potencial de atuação e estejam prontas para recebê-los”, acrescenta a gestora.
Oficina promoveu diálogo entre refugiados e organizações da sociedade civil que trabalham com a empregabilidade desses estrangeiros. Foto: ACNUR/Marília Correa
Oficina promoveu diálogo entre refugiados e organizações da sociedade civil que trabalham com a empregabilidade desses estrangeiros. Foto: ACNUR/Marília Correa
No segundo dia da oficina, as equipes das organizações presentes conversaram com pessoas refugiadas sobre os principais desafios que esse grupo enfrenta na hora de buscar um emprego. Entre os obstáculos listados pelos refugiados, estão a falta de conscientização das empresas, a necessidade de revalidação dos diplomas e a dificuldade em ampliar a rede de contatos profissionais.

Reescrevendo o currículo

Também na semana passada, o Google, a Missão Paz e o Programa de Apoio para a Recolocação de Refugiados (PARR) realizaram com refugiados uma oficina prática sobre como tornar o currículo mais atrativo para recrutadores brasileiros. Os 15 participantes do encontro também receberam dicas sobre a entrevista de emprego.
Para Fabio Siani, oficial do ACNUR para as Américas sobre o tema da integração local, as empresas precisam considerar a empregabilidade dos refugiados em sua visão de longo prazo.
“Empresas contratam capacidades, não apenas uma pessoa. O problema é que as empresas não conhecem as capacidades das pessoas refugiadas, já evidenciadas em pesquisas e pela satisfação de outras iniciativas do setor privado que deram esse passo”, explica o especialista.
O ACNUR mantém a plataforma Empresas com Refugiados, que divulga boas práticas e casos de sucesso na inserção de refugiados no mercado brasileiro.

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