Mulheres e meninas devem estar no centro da recuperação da COVID-19, diz chefe da ONU

por ONU Brasil
Mãe e filha usam máscaras para se proteger contra o coronavírus em um centro de saúde em Abidjan, Costa do Marfim. Foto: UNICEF/Frank Dejongh
Mãe e filha usam máscaras para se proteger contra o coronavírus em um centro de saúde em Abidjan, Costa do Marfim. Foto: UNICEF/Frank Dejongh

Ganhos limitados em igualdade de gênero e direitos das mulheres conquistados ao longo de décadas correm o risco de serem revertidos devido à pandemia da COVID-19, disse nesta quinta-feira (9) o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
alerta de Guterres foi apresentado em um documento que detalha como a nova doença está aprofundando as desigualdades preexistentes, que por sua vez estão ampliando seus impactos na vida de mulheres e meninas.
“Peço aos governos que coloquem mulheres e meninas no centro de seus esforços de recuperação da COVID-19. Isso começa com as mulheres como líderes, com igual representação e poder de decisão”, disse em uma mensagem em vídeo sobre o lançamento do documento; acesse clicando aqui.

Consequências da COVID-19

A atual pandemia ocorre em um ano em que o mundo marca o 25º aniversário da histórica Plataforma de Ação de Pequim sobre os direitos das mulheres e a igualdade de gênero.
A COVID-19 já alcançou mais de 200 países e territórios. Quase 1,5 milhão de casos e mais de 85.000 mortes haviam sido confirmados até esta quarta-feira 9 (acesse dados atualizados clicando aqui), desde que a doença surgiu na China, em dezembro passado.
Enquanto todos são afetados, o chefe da ONU destacou as consequências devastadoras da pandemia para mulheres e meninas, que atravessam todas as esferas: da saúde e da economia à segurança e proteção social.
“Quase 60% das mulheres em todo o mundo trabalham na economia informal, ganhando menos, economizando menos e com maior risco de cair na pobreza. À medida que os mercados sofrem quedas e as empresas fecham, milhões de empregos de mulheres desaparecem”, disse Guterres.
“Ao mesmo tempo em que perdem o emprego remunerado, o trabalho de assistência não remunerada das mulheres aumentou exponencialmente como resultado do fechamento de escolas e do aumento das necessidades dos idosos. Essas tendências estão se combinando como nunca antes e reduzindo os direitos das mulheres e negar suas oportunidades.”
Quarentenas forçadas e restrições de movimento também significam que as mulheres que sofrem violência baseada em gênero agora estão presas em casa com seus agressores no momento em que os serviços de apoio são interrompidos ou estão inacessíveis.

Mulheres e meninas no centro da resposta

Segundo o secretário-geral, a COVID-19 não é apenas um desafio aos sistemas globais de saúde, mas também um teste ao nosso espírito humano – e um mundo melhor deve surgir após a pandemia.
“A igualdade de gênero e os direitos das mulheres são essenciais para superar essa pandemia, recuperar-se mais rapidamente e construir um futuro melhor para todos”, afirmou.
O chefe da ONU instou os governos a colocar mulheres e meninas no centro de seus esforços de recuperação, inclusive ao torná-las líderes e igualmente envolvidas na tomada de decisões.
“As medidas para proteger e estimular a economia, de transferências de renda a créditos e empréstimos, devem ser direcionadas às mulheres”, enfatizou, acrescentando que “o trabalho não remunerado deve ser reconhecido e valorizado como uma contribuição vital para a economia”.

'Tolerância zero à violência doméstica'

Enquanto isso, embaixadores de 124 Estados-membros da ONU e observadores responderam ao recente apelo do secretário-geral para combater o aumento da violência doméstica na pandemia.
Esses países se comprometeram a fazer da prevenção e reparação da violência de gênero uma parte essencial de seus planos nacionais de resposta.
“Mais do que nunca, é preciso haver tolerância zero à violência doméstica”, escreveram eles em uma carta endereçada ao chefe da ONU.
Eles acrescentaram que as mulheres “não são apenas vítimas” na crise; também desempenham um papel importante na resposta à COVID-19.
“Quase 70% dos assistentes sociais e profissionais de saúde da linha de frente são mulheres. As mulheres também têm uma parcela desproporcional do trabalho de assistência não remunerada e são atores críticos no desenvolvimento sustentável de todos os países”, diz a carta.
“Portanto, devemos garantir que as mulheres sejam incluídas em todas as decisões de resposta e recuperação. Essa é a única maneira de dar uma resposta mais inclusiva.

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