MST realiza série de ações em Fortaleza em defesa do/a trabalhador/a rural


Educação, assistência técnica e solução para os problemas da seca - com implementação de crédito emergencial e de um programa de geração de trabalho e renda às famílias atingidas pela seca, são algumas das principais reivindicações de mais de 800 trabalhadores e trabalhadoras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acampados há mais de dez dias no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em Fortaleza.

Dentre a série de ações do MST na cidade, na última terça-feira (28 de abril), foi ocupada a sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, na avenida Bezerra de Meneses, como forma de pressionar o governador Cid Gomes a receber o Movimento para discutir a pauta de reivindicações. A audiência com o governador havia sido conquistada no dia 19, quando o MST ocupou a frente do Palácio de Iracema, sede do governo. De lá para cá, o Movimento realizou outras ações, como a ocupação da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e um ato em frente à Assembléia Legislativa do Ceará. Não obstante as mobilizações, o governador tem se negado a reunir-se com o Movimento, o que para o MST seria uma demonstração da falta de atenção dada por Cid Gomes às demandas populares.

Segundo Verônica da Silva, conhecida pelo apelido de Zinha, do assentamento 25 de maio, em Madalena, “os trabalhadores estão organizados para que sejam cumpridos os compromissos assumidos em agosto de 2009. Desde quarta-feira passada (21) estamos esperando por uma audiência com o governador. Ele quer nos matar no cansaço, mas nós não vamos desistir”.

Trabalhadores/as são recebidos com violência na Assembléia Legislativa
Por ocasião do ato público na Assembléia Legislativa, no dia 27, os/as militantes do Movimento foram recebidos com muita violência pela polícia. Integrantes do Movimento saíram feridos e afirmam que não irão recuar até que o problema seja solucionado. Marcelo Matos, coordenador do setorial de comunicação, relata que foram recebidos de forma truculenta e que o povo apenas se defendeu das agressões dos policiais. A intenção era entrar na Assembléia e conseguir apoio dos/as deputados/as para as reivindicações do Movimento e também pressionar o governador pela audiência. Segundo Marcelo, somente em abril 19 trabalhadores rurais foram assassinados, dentre eles Zé Maria, liderança de Limoeiro do Norte. “Vamos radicalizar e permanecer”, diz Marcelo.

Celebração pela Vida
Na noite do dia 27, o MST realizou ainda um ato celebrativo pela vida em homenagem ao pequeno agricultor, líder dos desapropriados pelos grandes projetos de irrigação na Chapada do Apodi, Zé Maria Filho, brutalmente assassinado no dia 21 de abril. Zé Maria foi assassinado com 19 tiros, por denunciar a problemática vivida por famílias de trabalhadores rurais na Chapada do Apodi, desde a instalação de indústrias fruticultoras a partir dos anos 90. Naquele dia ele fazia fotos para demonstrar a aplicação aérea de agrotóxico, apesar da proibição por uma lei municipal de 2002.

Para Júnior Aquino, Pároco de Limoeiro do Norte, “o ato é uma forma de dar visibilidade à situação que está acontecendo na Chapada do Apodi, que se soma aos grandes problemas sociais. O momento afirma nossa luta pela defesa da vida e solidariedade ao MST”. Durante o ato, os movimentos e instituições comprometidos com a luta social divulgaram uma nota contra violência e por Justiça para o assassinato de Zé Maria publicada como Destaque nesta edição.

José Maria era uma liderança incômoda ao agronegócio e às elites políticas do Vale do Jaguaribe: pelas denúncias contra a injustiça das desapropriações de pequenos agricultores para a cessão das terras da Chapada do Apodi às grandes empresas de plantio e exportação da fruticultura irrigada; por sua voz que clamava contra a pulverização aérea que, há dez anos, contamina famílias, terras e animais, causando doenças e óbitos. Foi sua atuação firme e corajosa à frente daquelas comunidades que colocou a chapada no mapa das injustiças ambientais realizado pela Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA). Veja em www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br.

Luta Nacional
As atividades que o MST realiza em Fortaleza fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Fora do Ceará, o MST ocupou a sede do INCRA nos estados de São Paulo, Pernambuco, Piauí, Paraíba, Rondônia e Pará. Além da assistência às famílias atingidas pela seca, o MST também está reivindicando o assentamento das 90 mil famílias acampadas em todo o país, sobretudo nos locais onde há conflitos com os latifundiários; garantia de recursos para que as superintendências planejem metas de vistorias e avaliações de imóveis para desapropriação, além de verbas para a manutenção de equipes técnicas em campo; atualização dos índices de produtividade; investimentos públicos nos assentamentos; assistência técnica aos assentados e criação de banco de sementes crioulas.

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