Mulheres elevam suas vozes na vanguarda das mudanças climáticaspor ONU Brasil |
Narayan, Raduva e Maisamoa estão entre as mulheres do Pacífico que buscam mais voz e inclusão para mulheres e meninas na ação climática. Seu ativismo direciona esforços para reduzir a discriminação e a exposição de perdas ocasionadas por desastres em seus meios de subsistência, e a criar resiliência para as mulheres se adaptarem às mudanças no clima. Conheça a história delas:
Komal Narayan - "As mulheres são doadoras da vida, mães dedicadas, irmãs atenciosas, influenciadoras domésticas e contribuintes ativas para o desenvolvimento socioeconômico"
Komal Narayan, ativista da justiça climática de Fiji, ficou fascinada durante seu programa de pós-graduação em estudos de desenvolvimento, sobre como as mudanças climáticas se sobrepunham à ética e à política. Para a ativista, os efeitos das mudanças climáticas são sentidos de maneira mais aguda pelas pessoas menos responsáveis por causar o problema. A partir desta percepção, Narayan passou a ser mais ativa no tema, o que a levou a participar da 23ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Bonn, Alemanha, em 2017. Narayan também foi uma das pessoas que recebeu o Green Ticket para a Cúpula da Juventude pelo Clima das Nações Unidas, que aconteceu em setembro de 2019. Ela participou de um diálogo liderado por jovens com o Secretário-Geral das Nações Unidas.
“Meu objetivo na vida é fazer parte de uma sociedade focada em abordar as questões de justiça climática, incentivar e motivar os jovens a se envolverem mais nesse espaço, pois acredito que esse assunto não é apenas seu ou meu, mas uma questão que está no coração de todo o Pacífico ”, afirmou Narayan.
Narayan considera que as mulheres são doadoras da vida, mães dedicadas, irmãs atenciosas, influenciadoras domésticas e contribuintes ativas para o desenvolvimento socioeconômico. "Nós, mulheres, temos o poder de dar impulso ao movimento climático global. Já era hora de mulheres e meninas terem oportunidades iguais e acesso igual a recursos e tecnologia para poder lidar com a justiça climática. Os países, especificamente o governo e a sociedade civil, devem desempenhar um papel fundamental nisso”, concluiu a ativista.
AnnMary Raduva - "A justiça climática deve reconhecer a conexão entre os seres humanos e o meio ambiente"
AnnMary Raduva, estudante de 11 anos da Escola Secundária Saint Joseph em Suva, Fiji, acredita que a justiça climática deve reconhecer a conexão entre os seres humanos e o meio ambiente.
“Na região do Pacífico, nossas comunidades indígenas dependem intimamente da diversidade ecológica para subsistência, além de também depender economicamente. Essa dependência torna nosso povo sensível aos efeitos de eventos climáticos extremos, e não podemos ignorá-los. Temos um relacionamento próximo com o nosso entorno e somos profundamente espiritualizados e culturalmente conectados ao meio ambiente e ao oceano, e esse relacionamento nos coloca em posição de antecipar, preparar e responder aos impactos das mudanças climáticas ”, afirmou a estudante.
Em 2018, Raduva escreveu ao primeiro-ministro de Fiji pedindo que ele revisse a Lei de 2008, que trata do Lixo do país, para classificar o lançamento de balões como lixo. Raduva percebeu que falar sobre a liberação de balões não era suficiente e que ela precisava encontrar alternativas ecológicas para ampliar sua mensagem. Logo ela teve a idéia de plantar manguezais ao longo da costa de Suva. Desde 2018, ela iniciou seis atividades de plantio e plantou mais de 18.000 mudas de mangue. A estudante de 11 anos foi convidada para ir a Nova Iorque, EUA, em setembro de 2019, para marchar pela justiça climática em um evento do United for Climate Justice (Unidos pela Justiça Climática), organizado pela Fundação para Estudos Progressivos Europeus.
Lá, Raduva enfrentou discriminação por ser uma jovem ativista e foi ridicularizada por ser uma “menina ingênua”. Disseram-lhe que o ativismo para mudança climática é reservado para meninos e adultos. No entanto, ela acredita que a participação de mulheres, crianças, pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, intersexuais e outras minorias nas negociações sobre mudanças climáticas é uma prioridade para qualquer organização que tenha como objetivo defender questões relacionadas às mudanças climáticas.
Varanisese Maisamoa - "Quero capacitar as vendedoras para se tornarem resilientes ao clima"
Varanisese Maisamoa é uma sobrevivente do ciclone Winston, que em 2016 foi um dos mais poderosos desastres naturais de Fiji. Em 2017, ela formou a Associação de Feirantes de Rakiraki, trabalhando com o projeto Markets for Change da ONU Mullheres. Por meio do treinamento de liderança oferecido pela ONU Mulheres, ela passou a ter confiança para falar sobre os problemas que afetam as feirantes e negociar com a gerência do conselho de mercado. Maisamoa explica que deseja capacitar as vendedoras para se tornarem resilientes ao clima.
Maisamoa representou sua associação no projeto da reconstrução do mercado de Rakiraki, que agora apresenta infraestrutura resiliente a um ciclone de categoria 5 - sistema de captação de águas pluviais, drenagem resistente a inundações e um design sensível ao gênero.
A história de Maisamoa foi republicada com a permissão do projeto Markets for Change da ONU Mulheres, que é uma iniciativa multinacional para mercados seguros, inclusivos e não discriminatórios nas áreas rurais e urbanas de Fiji, Ilhas Salomão e Vanuatu. Ela promove a igualdade de gênero e o empoderamento econômico das mulheres. Implementado pela ONU Mulheres, o Markets for Change é financiado principalmente pelo governo da Austrália e, desde 2018, a parceria do projeto se expandiu para incluir apoio financeiro do governo do Canadá. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento é um parceiro do projeto.
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