COVID-19: restrições devem ser suspensas de forma lenta e controlada, diz OMS

por ONU Brasil
Terminal ferroviário Grand Central, em Nova Iorque, vazio por conta das restrições de movimento impostas pela pandemia do novo coronavírus. Foto: ONU/Evan Schneider
Terminal ferroviário Grand Central, em Nova Iorque, vazio por conta das restrições de movimento impostas pela pandemia do novo coronavírus. Foto: ONU/Evan Schneider

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está trabalhando com países em estratégias para "gradualmente e com segurança" aliviar as restrições de movimento destinadas a conter a disseminação do novo coronavírus, disse o chefe da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a jornalistas na sexta-feira (10), embora tenha alertado contra qualquer ação repentina.
"A OMS quer que as restrições sejam levantadas, assim como qualquer pessoa", disse ele. "Ao mesmo tempo, o fim das restrições muito rapidamente pode levar a um ressurgimento mortal (da doença). A descida pode ser tão perigosa quanto a subida, se não for administrada adequadamente".
Tedros apresentou seis fatores a serem considerados, incluindo o controle da transmissão e a disponibilidade suficiente de serviços médicos e de saúde pública.
Os riscos de surtos em ambientes como instalações de cuidados de longo prazo também precisam ser minimizados, enquanto locais de trabalho, escolas e outros locais essenciais devem ter medidas preventivas em vigor.
"Quinto, que os riscos de importação possam ser gerenciados", continuou ele, "e sexto - e não posso enfatizar suficientemente esse ponto - que as comunidades estejam plenamente conscientes e envolvidas na transição. Cada pessoa tem um papel a desempenhar no fim dessa pandemia."

Infecções entre trabalhadores da saúde tem aumento alarmante

Enquanto isso, alguns países estão relatando que mais de 10% de seus profissionais de saúde foram infectados pelo novo coronavírus, indicativo do que Tedros descreveu como "uma tendência alarmante".
Evidências de China, Itália, Cingapura, Espanha e Estados Unidos mostram que algumas infecções entre esses profissionais estão ocorrendo fora das unidades de saúde, tanto em casa quanto nas comunidades.
Os fatores que provocam a infecção nas unidades de saúde incluem o reconhecimento tardio da COVID-19 e a falta de treinamento ou experiência em lidar com patógenos respiratórios.
Muitos profissionais de saúde também estão sendo expostos a um grande número de pacientes durante longos turnos com períodos de descanso inadequados.
"No entanto, as evidências também mostram que quando os profissionais de saúde usam equipamentos de proteção individual da maneira correta, as infecções podem ser prevenidas", disse Tedros.
"Isso torna ainda mais importante que os profissionais de saúde possam acessar máscaras, luvas, aventais e outros EPIs de que precisam para realizar seus trabalhos com segurança e eficácia."
A OMS continua apoiando os países na obtenção de suprimentos e equipamentos e na ampliação da aquisição e distribuição desses itens.
Ele estimou que, a cada mês, a Força-Tarefa da Cadeia de Suprimentos da ONU, lançada recentemente, precisará enviar 100 milhões de máscaras e luvas médicas; até 25 milhões de respiradores, aventais e protetores faciais e 2,5 milhões de testes de diagnóstico, entre outros suprimentos.

Coronavírus se espalhando em áreas rurais da África

Embora tenha havido uma "desaceleração bem-vinda" dos casos de COVID-19 nos países europeus mais afetados pela pandemia, como Espanha e Itália, Tedros disse que o vírus está se espalhando para áreas rurais da África.
Com grupos de casos e disseminação comunitária aparecendo agora em mais de 16 países, ele espera "severas dificuldades" para os sistemas locais de saúde, que já estão sobrecarregados.
"A recente reunião dos países do G20 expressou forte apoio à África, que deve ser acelerado, embora os números no continente ainda sejam relativamente pequenos, mas acelerando", afirmou.

Ebola ressurge na República Democrática do Congo

Tedros também atualizou jornalistas sobre a luta contra o ebola na República Democrática do Congo (RDC), onde um novo caso da doença foi confirmado na cidade de Beni, província de Kivu do Norte, após 52 dias sem nenhuma incidência.
"Infelizmente, isso significa que o governo da RDC não poderá declarar o fim do surto na segunda-feira, como esperado", disse ele.
O surto no leste do país começou em agosto de 2018 e já matou mais de 2.200 pessoas. A última pessoa havia sido confirmada com ebola testou negativo duas vezes e recebeu alta de um centro de tratamento no início de março.
A OMS e os parceiros continuarão a trabalhar com o governo congolês, comunidades e parceiros afetados, acrescentou Tedros.

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