COVID-19: comunidades ciganas tchecas enfrentam desafio de produção de máscaras

por ONU Brasil
Jovens ciganas costuram máscaras caseiras que são distribuídas por grupos da sociedade civil a instituições de assistência social, incluindo lares de idosos. Foto: Lukáš Houdek/Hatefree.cz
Jovens ciganas costuram máscaras caseiras que são distribuídas por grupos da sociedade civil a instituições de assistência social, incluindo lares de idosos. Foto: Lukáš Houdek/Hatefree.cz

Quando o estoque de máscaras faciais começou a ficar em baixa na República Tcheca, comunidades minoritárias, incluindo a população cigana do país, responderam rapidamente à demanda, mobilizando-se para produzir novos suprimentos a fim de retardar a propagação da COVID-19.
"Eles disseram que as máscaras faciais eram muito necessárias, e eu não hesitei", disse Klara Pulova, de Tanvald, uma pequena cidade no norte do país. "Fui profissional de costura no passado, conheço o trabalho", completou. Puvola é integrante da comunidade cigana da região e está respondendo à escassez de máscaras, vitais para o país.
Em resposta emergencial à pandemia, o governo anunciou o uso de máscaras como obrigatório a partir de 19 de março. No entanto, logo ficou claro que não havia máscaras suficientes para trabalhadores essenciais, como profissionais da saúde, policiais e bombeiros.
Em 24 horas, uma iniciativa popular surgiu: chamado de "movimento da máscara facial", pessoas foram estimuladas por grupos em redes sociais a utilizarem suas máquinas de costura antigas para produzir máscaras.
Em Tanvald, ex-colegas de Pulova forneceram uma máquina de costura, enquanto amigos e outras pessoas forneceram o material. Embora lojas não essenciais estivessem fechadas por conta da ordem de paralisação do governo, uma exceção foi feita para lojas que vendiam materiais necessários para confecção das máscaras.
Contribuição vital de refugiados e migrantes - Enfrentar o problema da escassez de máscaras contribuiu para a união da sociedade tcheca, reunindo diferentes grupos de pessoas que buscam lutar pela mesma causa. Materiais foram compartilhados, algumas companhias disponibilizaram estoque antigo, e o movimento deu oportunidade para muitas pessoas se envolverem diretamente na luta contra a disseminação do novo coronavírus.
A comunidade cigana não é o único grupo minoritário da República Tcheca que está encarando o desafio. Refugiados, migrantes e outras minorias também estão se mobilizando para ajudar. A comunidade vietnamita, por exemplo, criou uma conta para seus membros contribuírem financeiramente para produção de máscaras de uso único, que estão sendo entregues em hospitais e em casas de repouso para idosos.
Celebridades – incluindo atores, artistas, cantores e atletas de elite – também estão costurando máscaras e colocando em suas redes sociais, além de muitos políticos e especialistas usarem máscaras caseiras na televisão.
"Estamos vendo uma série de histórias fascinantes emergindo de grupos marginalizados, assim como de celebridades, todos unidos por um objetivo: ajudar a parar a pandemia", disse Lukáš Houdek, coordenador do projeto Hatefree.cz, que trabalha com a integração de minorias e documentação de histórias. "Vamos torcer para que mantenhamos esse espírito para além da crise", completou.
Coesão e união entre comunidades tchecas - A atual orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre
o uso de máscaras é que pessoas saudáveis só devem usá-las caso estiverem cuidando de alguém com suspeita de infecção pela COVID-19.
“Usar máscaras faciais em todos os momentos por pessoas sem sintomas não é uma política recomendada pela OMS”, disse Srdan Matić, Representante da OMS na República Tcheca. “No entanto, os benefícios sociais do movimento da máscara facial e seu impacto na coesão e unidade entre pessoas de diferentes comunidades – incluindo ciganos, migrantes, muçulmanos e vietnamitas – são bem-vindos”, completou.
Em Tanvald, Pulova e sua amiga Renata Fecova já produziram mil máscaras. Seu exemplo continua a ser seguido em todo o país, com centenas de milhares de máscaras caseiras sendo produzidas e disponibilizadas em espaços públicos para os trabalhadores essenciais que continuam a servir o público, incluindo assistentes de loja, assistentes sociais, prestadores de cuidados e profissionais da saúde.

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