Colégio agrícola no Noroeste terá sede esperada há 11 anos

Seis quilômetros separam a atual sede do Colégio Estadual de Educação Profissional (CEEP) do Noroeste, em Diamante do Norte, da Fazenda Escola da Universidade Estadual de Maringá (UEM). É entre estes dois locais que os 267 estudantes do Curso Técnico em Agropecuária precisam se deslocar entre as aulas teóricas, que acontecem na primeira, e a maior parte das atividades de campo, que utilizam a estrutura da fazenda.

Além da distância, que exige uma logística para transportar professores e estudantes, a sede atual fica no antigo alojamento dos trabalhadores que construíram a Usina de Porto Primavera, iniciada em 1980, no Rio Paraná, e que não foi feito para abrigar a escola agrícola.

Criada em 1991, a unidade também ficou fechada por nove anos e retomou as atividades em 2004, o que ajudou a comprometer ainda mais a estrutura, que já não dá mais conta das necessidades da escola.

“O local onde estamos hoje não foi pensado para abrigar uma escola e tem muitos problemas estruturais, com salas de aula adaptadas e um sistema de energia que não atende nossas necessidades”, diz o diretor do CEEP, Ivo Suzuki. “Os prédios são distantes um do outro, não são exatamente adequados para salas de aula, a construção é de madeira. E a parte elétrica sempre nos dá sustos, de vez em quando tem que socorrer o início de uma fumaça ou um cheiro de queimado”.

Referência no ensino técnico em uma das regiões mais produtivas do Paraná, o Colégio Agrícola do Noroeste finalmente está ganhando uma sede que condiz com a excelência das atividades praticadas no local. Construída dentro da Fazenda Escola, será o espaço ideal para receber os alunos, que vêm de 35 municípios da região e também dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, que ficam na outra margem do Rio Paraná.

O contrato para a construção da nova sede foi assinado em 2009, mas as obras só começaram a sair do papel em janeiro, onze anos depois. O Governo do Estado investe R$ 10,3 milhões na unidade, por meio do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar). A previsão é que ela seja entregue em julho de 2021.

“Como a obra estava sempre para começar, acabávamos não fazendo os consertos ou reformas necessários, o que piorou ainda mais as condições estruturais da escola”, ressalta Suzuki. “As instalações têm 40 anos de uso e não comportam nossas atividades, que inclui um refeitório que atende cerca de 350 pessoas por dia, os laboratórios, alojamentos dos estudantes e uma agroindústria que faz a transformação dos produtos da agricultura”, afirma.

A OBRA – Cerca de 50 funcionários trabalham na construção da nova sede do Colégio Agrícola, que conta com 6,7 mil metros quadrados de área construída. A nova estrutura também será adequada para ampliar a capacidade de atendimento, passando das atuais 280 matrículas para até 600 estudantes.

São sete salas de aula, agroindústria, área administrativa, laboratórios de informática, laboratórios específicos para estudos agropecuários, biblioteca, cozinha, refeitório, quadra poliesportiva, alojamentos, banheiros, lavanderia e casa do zelador. Até agora, cerca de 30% da obra foi concluída.

“A Fundepar tem tomado todos os cuidados para garantir a execução do projeto, mesmo durante a pandemia. É importante que ele seja entregue no prazo, porque a comunidade de Diamante do Norte já aguarda há muito tempo pelo novo colégio agrícola”, afirma o diretor-presidente da Fundepar, Alessandro de Oliveira.

Sonia Solange Casarim, chefe do Núcleo Regional de Educação de Loanda, explica que quando assumiu a chefia do núcleo, no ano passado, o contrato para obra já estava no décimo aditivo, sem ser de fato executado. “Mobilizamos toda a comunidade escolar, políticos e a prefeitura para conseguir dar início à construção. Em janeiro começou o nosso grande sonho, que perdura há anos”, diz.

“Ao longo deste tempo, o projeto ia e parava, e só agora conseguimos que a construção iniciasse realmente, mas foram mais de dez anos se arrastando. Vários governos se passaram sem que a obra começasse”, explica. “Esperamos inaugurá-lo em julho de 2021 e no mês seguinte já termos nossos alunos aqui. É um colégio fundamental para a região, a maioria dos alunos é filha de produtores rurais, que levam esse conhecimento para a sua propriedade”, acrescenta Sonia.

INTEGRADO – O colégio oferece a formação em Técnico em Agropecuária Integrado, com disciplinas do Ensino Médio regular e práticas do ensino profissional, atendendo em período integral. Assim como a maioria dos colégios agrícolas do Estado, o do Noroeste funciona em regime de internato, com estudantes que também moram na escola (com a pandemia, eles agora estão em casa, acompanhando as disciplinas por meio do Aula Paraná).

O dia a dia da escola inclui não só as disciplinas da Base Nacional Comum, como também aulas práticas de agricultura e pecuária. Na sede atual, está instalada a horta pedagógica e a agroindústria onde os alunos trabalham na transformação do que sai do campo em conservas, doces, carnes e laticínios.

Na Fazenda Escola ficam as plantações e os animais. Na agricultura, a produção que se destaca é a de mandioca, uma das principais culturas do Noroeste paranaense, além de feijão e pastagem. A atividade pecuária inclui a criação de bovinos, caprinos, suínos e às vezes aves. O local também abriga uma fábrica de ração, que produz os alimentos dos animais criados na fazenda.

No currículo técnico, os estudantes também têm contato com a produção de café, coco, grãos e cana-de-açúcar – nos dois últimos, o trabalho de campo é feito em propriedades vizinhas – além da piscicultura, com a criação de peixes em tanques localizados a cerca de 10 quilômetros do colégio.

“Não podemos perder de vista que fazemos parte de uma comunidade e que precisamos desenvolver na escola as mesmas atividades com as quais os produtores da região trabalham. Os alunos vão sair daqui familiarizados com a produção e preparados tecnicamente para atender essa demanda”, ressalta o diretor.

Entre os alunos do Colégio Agrícola do Noroeste está Saymon Navarro Mariano, de 17 anos. Diferente da maioria dos colegas, filhos de agricultores, os pais de Saymon não trabalhavam no campo, mas o jovem cultivava desde cedo o desejo de estudar no local. Morador de Diamante do Norte, ele cursa o 3º ano.

“Desde o Ensino Fundamental eu ouvia que o ensino do Colégio Agrícola era muito elevado. Sempre gostei da agropecuária, tenho muitos parentes que são ligados à área, e tinha interesse em conhecer mais e seguir nesse setor”, conta. “Desde o começo a experiência tem sido muito boa. Vou sair daqui com uma ótima bagagem e capacitado para trabalhar na área”, diz.

Para Saymon, uma estrutura melhor é o que falta para completar as necessidades dos estudantes. “O colégio e os professores são muito capacitados, mas infelizmente a estrutura deixava a desejar. Agora que já dá para ver o desenvolvimento da obra, tenho certeza que será muito bom para todos, com espaços adequados para as aulas”, afirma.

Na avaliação do diretor Ivo Suzuki, a nova sede é a garantia de que o Colégio Agrícola do Noroeste vai formar jovens capacitados por muitos anos ainda. “A estrutura nova vai garantir a perenidade da escola, para que ela permaneça ao longo do tempo. O espaço onde estamos hoje já ultrapassou a sua vida útil e a nova construção traz prédios adequados, pensado para a escola”, diz. “Deixamos de atender os alunos em uma estrutura precária, para ter uma própria e nova, que vai garantir visibilidade ao longo dos anos”, acrescenta.

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