Morre Yukiya Amano, chefe da agência de energia atômica da ONU, aos 72 anos

por ONU Brasil
Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA, em coletiva de imprensa em Nova Iorque, após uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em abril de 2019. Foto: ONU/Mark Garten
Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA, em coletiva de imprensa em Nova Iorque, após uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em abril de 2019. Foto: ONU/Mark Garten
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou nesta segunda-feira (22) o falecimento do diretor-geral da instituição, o japonês Yukiya Amano. Ao longo de dez anos à frente do organismo da ONU, o diplomata apoiou as negociações do acordo nuclear do Irã e também atuou na resposta ao acidente nuclear de Fukushima, em 2011.
A AIEA é a agência das Nações Unidas responsável por supervisionar os usos da energia atômica no mundo, promovendo aplicações pacíficas da ciência e tecnologia nucleares. Com sede em Viena, a instituição foi criada em 1957, em resposta aos medos e expectativas gerados pela energia atômica.
Em nota sobre a morte de Yukiya , o organismo internacional informou que o dirigente planejava deixar o cargo. A instituição divulgou uma reflexão do chefe da AIEA, que seria incluída na sua carta de afastamento para o conselho executivo da agência. No texto, o diplomata japonês lembra os "resultados concretos" alcançados pela organização nos últimos dez anos para usar a energia atômica em prol da paz e do desenvolvimento. O diplomata também elogia a dedicação da equipe da AIEA, a quem expressa sua gratidão.
Com ampla experiência na área de desarmamento, Yukiya chefiava o organismo da ONU desde 2009, quando sucedeu o egípcio Mohamed El-Baradei, ex-chefe da AIEA.
Durante seu mandato, o dirigente japonês apoiou as negociações do acordo nuclear do Irã. Firmado em 2015 entre Irã, EUA, Rússia, França, Reino Unido, China e Alemanha, o documento instituiu limitações para o programa nuclear iraniano, com o intuito de garantir usos pacíficos da energia atômica. O cumprimento dos compromissos firmados pelas autoridades iranianas no marco do acordo é constantemente monitorado pela AIEA.
Também sob a gestão de Yukiya, a AIEA prestou assistência ao Japão na sequência do desastre nuclear de Fukushima, quando um tsunami de 15 metros atingiu a costa nordeste do país asiático, deixando quase 20 mil mortos e provocando sérias avarias à central nuclear da cidade homônima. A tragédia levou à destruição da usina e provocou vazamentos de materiais radioativos.
O organismo da ONU mobilizou esforços internacionais para avaliar riscos, acompanhar todo o processo de desmantelamento das instalações nucleares — que ainda não foi finalizado — e propor planos de contenção e preparação para emergências às autoridades japonesas.
No período que esteve sob a liderança de Yukiya, a agência das Nações Unidas promoveu ainda usos da energia atômica para combater doenças transmitidas por insetos, por meio de tecnologias que esterilizam os animais e ajudam a controlar suas populações. Aplicações dessa técnica foram discutidas para enfrentar no Brasil a epidemia do vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Em pronunciamento no Twitter, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou estar profundamente triste com a morte de Yukiya. "Suas contribuições consideráveis ao uso pacífico da tecnologia nuclear e o seu compromisso com o multilateralismo serão lembrados por todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo", disse o chefe das Nações Unidas.
Também na rede social, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, expressou pesar pelo falecimento de Yukiya e disse que "ele acreditava no poder da diplomacia científica e do diálogo para construir um mundo mais seguro".
A presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa, lembrou que o diplomata japonês "trabalhou incansavelmente para promover um mundo desnuclearizado e mais seguro". "O seu legado não será esquecido", afirmou a dirigente.

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