Greve paralisa agências do INSS em 19 estados, diz sindicato
Servidores do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) entraram hoje (7) em greve por tempo indeterminado. Eles
reivindicam reajuste salarial de 27,5% e melhores condições de trabalho.
De
acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em
Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps),
funcionários de 19 estados aderiram à paralisação. A entidade avalia que
70% dos servidores nesses estados estejam parados. A assessoria de
imprensa do INSS informou que deve divulgar no fim do dia um balanço
sobre a quantidade de estados e servidores parados.
Para Márcio
Villano Bottini, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e
Previdência no Estado de São Paulo (Sinsprev), a estimativa inicial é
que 80% das agências amanheceram fechadas no estado. Segundo ele, o
reajuste de 27,5% representa o cálculo da inflação acumulada desde 2010.
A
proposta do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é reajustar
em 21,3%, de forma parcelada, até 2019 (5,5% em 2016, 5% em 2017, 4,75%
em 2018 e 4,5% em 2019), foi rejeitada pelos trabalhadores.
Segundo
o sindicato, os demais pleitos dos empregados também não seriam
contemplados pela proposta. "Precisamos de concurso público, pois falta
muito funcionário para atender adequadamente a população. Queremos mais
investimento. Temos agência sem tinta de impressão e papel para imprimir
coisas básicas para os segurados. Isso é fundamental para a população",
disse Márcio.
Márcio afirmou que os servidores também estão
descontentes com um plano de metas que amplia a jornada de trabalho de
30 horas semanais. "Com o número de servidores reduzido, fica difícil
cumprir as metas. Quem não cumpre, pode perder as 30 horas e ter de
trabalhar até 3 horas a mais por dia", esclareceu.
Pela manhã, na
agência da região do Glicério, centro de São Paulo, segurados reclamavam
da falta de informação. A agência é uma das maiores da capital,
chegando a atender 700 pessoas por dia. Denise Romero, psicóloga de 57
anos, acompanhava a mãe, de 92 anos.
Denise precisa receber uma
pensão por morte do pai. “Faz 15 dias que meu pai mrreu. Foi feito o
agendamento e o procedimento, confirmado ontem (6). Fica difícil levar a
sério uma situação como essa”, reclamou.
Marcia Aparecida Pinto,
autônoma, 46 anos, é deficiente visual e precisava passar por perícia
médica hoje. “Estava trabalhando, mas não consigo enxergar com meu único
olho." Marlene da Silva, aposentada, 70 anos, reclamou da falta de
informação no atendimento. "Tenho um empréstimo consignado em folha, mas
não há repasse do INSS desde maio. Estou passando por isso e não sei a
quem recorrer. Trabalhei a vida inteira e agora recebo um salário
mínimo", explicou.
A orientação do INSS aos segurados é que as
datas de atendimento serão remarcadas pela própria agência. Dúvidas
podem ser esclarecidas pela central do telefone 135. Em nota, o INSS
informou que considerará a data originalmente agendada como a de entrada
do requerimento, "de modo a evitar qualquer prejuízo financeiro nos
benefícios dos segurados".
Também em comunicado, o Ministério da
Previdência Social informou "que têm baseado sua relação com os
servidores no respeito, no diálogo e na compreensão da importância do
papel da categoria no reconhecimento dos direitos da clientela
previdenciária e, por isso, mantém as portas abertas às suas entidades
representativas para construção de uma solução que contemple os
interesses de todos".
Da Agência Brasil.
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