Estudo mostra que o Brasil continuará como um dos
principais fornecedores internacionais de alimento
Segundo as projeções do estudo sobre os impactos
econômicos e socioambientais da biotecnologia na agricultura ---
realizado pela Céleres e Céleres Ambiental para a Associação Brasileira
de Sementes e Mudas (ABRASEM), que chega à oitava edição em 2015 ---, a
área adicional a ser semeada num cenário sem a adoção da biotecnologia, o
montante financeiro necessário para essa necessidade chegaria a US$
61,1 bilhões, ao longo dos próximos dez anos. Isso, considerando-se não
só o custo de produção desses hectares, mas também o investimento
adicional em máquinas e implementos, equipamentos e infraestrutura
agrícola necessárias.
O uso
mais consciente e correto de manejos agrícolas disponíveis, tais como a
adoção de tecnologias geneticamente modificadas, contribui para a
melhoria da competitividade do País frente aos principais concorrentes,
como Estados Unidos e Argentina, e natural fortalecimento das condições
necessárias para o atendimento das demandas globais por alimentos. De
acordo com as premissas de crescimento econômico e demográfico para os
próximos dez anos, estima-se que o Brasil poderá continuar como um dos
principais fornecedores internacionais de alimento.
Desde
a introdução da biotecnologia agrícola no Brasil (1996/1997), estima-se
que os benefícios econômicos capturados pelos usuários desta tecnologia
(produtores reais e indústria), chegam a US$ 29,3 bilhões referentes
aos 18 anos de cultivo de lavouras geneticamente modificadas.
A
cultura de milho (verão e inverno) responde por 49% do benefício
econômico gerado e chega ao quarto ano na liderança no benefício
capturado. Na sequência, aparece a cultura da soja, que detém 46% do
total de benefício econômico alcançado, devido ao lançamento e cultivo
da nova tecnologia geneticamente modificada com genes combinados. E, em
terceiro lugar, a cultura do algodão, com 5% do benefício total, pois
tem menor representatividade devido a menor área semeada, comparando-se à
da soja e do milho.
Na
divisão do benefício econômico capturado, o ganho de produtividade
demonstra que é a principal vantagem da adoção de culturas transgênicas,
com 48% do total, especialmente com a entrada da soja RI/TH, o que
auxilia no aumento da importância do ganho, pelo maior rendimento por
hectare de culturas, devido à resistência a insetos, agora presente nas
três culturas analisadas. Na sequência, a redução do custo de produção
contribui 29% do benefício total, seguida pela indústria (detentora da
tecnologia GM), que capturou 23% do total gerado nos últimos 18 anos.
Os
produtores rurais acumularam diretamente 77% do total de benefícios
econômicos ou US$ 22,5 bilhões, no período considerado. A indústria,
também parte importante no desenvolvimento tecnológico da biotecnologia,
capturou o benefício remanescente de US$ 6,8 bilhões.
Os
três benefícios citados acima não compreendem apenas a agricultura.
Indiretamente, os benefícios acumulados estendem-se ao longo da cadeia
de valor e, em última instância, o consumidor final do comércio
varejista, seguindo o exemplo dos benefícios indiretos ao longo da
cadeia. A constante pesquisa feita pela indústria no intuito de promover
uma agricultura com manejos mais avançados e, que cada vez menos causem
impacto ao meio socioambiental, também faz parte deste contexto.
O
uso mais consciente e correto de manejos agrícolas disponíveis, tais
como a adoção de tecnologias geneticamente modificadas, contribui para a
melhoria da competitividade do País frente aos principais concorrentes,
como Estados Unidos e Argentina, e natural fortalecimento das condições
necessárias para o atendimento das demandas globais por alimentos.
Nesta
perspectiva, a estimativa é de que produção de algodão brasileiro
cresça 72,9%, passando de 1,4 bilhão de toneladas em 2014/15, para 2,5
bilhões de toneladas em 2023/24. É claro que a área de plantio deve
aumentar para atender a demanda mundial, mesmo levando-se em conta o
crescimento da produtividade brasileira do algodão com a adoção de
tecnologias GM mais produtivas.
Assim,
a área total brasileira cultivada de algodão deve passar de 0,9 milhão
de hectares, em 2014/15, para 1,5 milhão de hectares na safra 2022/23,
ou 61,9% de aumento. Nesse mesmo período, considera-se que a adoção do
algodão GM passará de 0,6 milhão de hectares na safra 2014/15 para 1,2
milhão de hectares na safra 2023/24, ou uma penetração de 81,8%
(CÉLERES, 2014).
No caso do
milho, numa análise das duas safras (verão e inverno), a produção
brasileira também crescerá ao longo dos próximos dez anos (atingirá
112,9 milhões de toneladas na safra 2023/24), como forma de atender à
crescente demanda não só local, mas também global, e consequentemente,
haverá maior necessidade de área. Contudo, o crescimento da produção do
cereal estará fundamentado no aprimoramento das tecnologias, com maiores
ganhos médios de produtividade, já vistos nos últimos anos,
especialmente para as tecnologias geneticamente modificadas, que
combinam diversos genes de resistência a insetos e tolerância a
herbicidas, em um mesmo evento transgênico.
Desta
forma, projeta-se que a área total de milho cultivada no Brasil, em
2023/24 será de 19,5 milhões de hectares, sendo a área efetiva com milho
GM de aproximadamente 17,1 milhões de hectares, ou 88,0%.
Por
fim, para a cultura da soja, estima-se que o Brasil continuará entre os
maiores produtores mundiais da oleaginosa, senão o maior produtor. Em
2023/24, os sojicultores brasileiros produzirão 115,9 milhões de
toneladas, um crescimento de 26,9% em relação a 2014/15. O aumento de
produtividade, já proporcionado pela adoção de novas tecnologias,
sobretudo geneticamente modificadas, será determinante para atingir tais
níveis de produção, mesmo com um crescimento de área de 21,8% nos
próximos dez anos.
Nas
últimas safras, o Brasil vem sendo o protagonista no crescimento da
adoção de biotecnologia no mundo. Para a próxima década, com todos os
benefícios econômicos gerados com essa adoção, o País continuará em
posição de destaque em relação ao desenvolvimento da tecnologia GM,
sendo mais competitivo no mercado internacional, podendo garantir a
maior oferta de alimentos e também biocombustível para a população
mundial.
A área adicional a
ser semeada num cenário sem a adoção da biotecnologia, o montante
financeiro necessário para essa necessidade chegaria a US$ 61,1 bilhões,
ao longo dos próximos dez anos, considerando-se não só o custo de
produção desses hectares, mas também o investimento adicional em
máquinas e implementos, equipamentos e infraestrutura agrícola
necessárias.
Para cada R$ 1
investido na aquisição de sementes transgênicas, o retorno para a
cultura do algodão foi de R$ 1,20, na média Brasil. Para o milho, já
considerada a média ponderada entre a safra verão e inverno, o retorno
chega a R$ 2,60 para cada R$ 1 investido. E na soja, o nível de retorno
chega a R$ 1,10 para cada R$ 1 investido, na comparação da RI/TH com a
convencional. Os dados são feitos com base no benchmark das tecnologias,
ou seja, o que a assistência técnica preconiza para estados referência
em cada cultura.
A análise
do retorno decorrente do uso da tecnologia se mostra de suma
importância, num momento de alta dos custos de produção e o recorrente
temor de crises alimentares decorrentes de escassez de alimentos no
mercado global, associados aos riscos relacionados ao quadro de oferta e
à demanda de alimentos e suas implicações sobre a estabilidade
econômica e política de diversos países consumidores de alimentos.
Assim,
abrir mão de tecnologias avançadas, como a biotecnologia agrícola, é
retrocesso, dado à aceleração dos ganhos de produtividade das culturas
agrícolas e redução dos custos de produção proporcionados por essa
tecnologia.
E nesse
contexto de necessidade crescente de alimentos e fibras, destaca-se,
como nas edições anteriores desse estudo, a importância do
aprimoramento, implementação e contínuo acompanhamento das políticas
públicas que garantam um ambiente institucional favorável ao
desenvolvimento da biotecnologia no Brasil, como forma de contribuir
para a manutenção da competitividade da produção agrícola nacional.
Deste
modo, a biotecnologia agrícola tem o potencial de desempenhar papel
importante, senão fundamental, nesse contexto, pois, como verificado
anteriormente, seu principal benefício econômico está no ganho de
produtividade, gerando benefícios diretos e indiretos do agricultor ao
consumidor final do mercado varejista, além de dispensar a abertura de
novas áreas, fato que ocasionaria na necessidade de maiores
investimentos por parte dos produtores rurais, além de maiores impactos
ambientais e de recursos naturais.
Daniela Mesquita
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