Universidade de integração internacional no Brasil abre as portas a estudantes lusófonos


Aberta no Ceará, a nova universidade tem 180 alunos, metado dos quais são brasileiros e os demais vêm de países lusófonos da África. A ideia é que parte da graduação seja feita no Brasil e outra nos países de origem.
São grandes as expectativas do governo brasileiro com a Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) – a primeira instituição de ensino superior federal com foco na internacionalização da educação.
Com metade de suas vagas destinadas a estudantes vindos de países de língua portuguesa – especialmente os africanos (Moçambique, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, Angola e Cabo Verde) – a Unilab tem como propósito promover o intercâmbio cultural entre os lusófonos e fortalecer relações históricas.
A proposta do Ministério da Educação pretende, sobretudo, correr atrás de um prejuízo incalculável. "Todas as avaliações de ensino superior mostram que o Brasil ainda não está numa posição de liderança por, entre outras coisas, ter uma ênfase muito baixa na internacionalização da educação, por exemplo, trazendo estudantes de outros países ou incentivando a mobilidade de estudantes brasileiros para o exterior
A mesma coisa com pesquisadores", ressalta Paulo Speller, reitor da nova instituição. "E este é exatamente o aspecto central da proposta da Unilab", explica.
A nova universidade, localizada na cidade de Redenção, no Ceará, abriu oficialmente suas portas nesta quarta-feira (25/05) com uma aula inaugural pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.
Neste primeiro trimestre de funcionamento, ela receberá 180 alunos – metade brasileiros, metade africanos – para os cursos de Administração Pública, Agronomia, Enfermagem, Engenharia de Energias e licenciaturas em Ciências da Natureza e em Matemática.
Objetivo é expandir para outros países africanos, diz reitorBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Objetivo é expandir para outros países africanos, diz reitorOutros 180 devem chegar na segunda metade do ano. O audacioso projeto prevê que em cinco anos a Unilab ofereça cinco mil vagas. E não apenas para estudantes de língua portuguesa. "Gradualmente, vamos expandir para outros países do continente africano", afirma Speller.

Cursos sanduíche

A ideia é que cada estudante faça uma parte da graduação no Brasil e a outra parte (dois trimestres) em seus países de origem, em uma das universidades parceiras. Durante sua aula inaugural, Haddad ressaltou a importância de estes alunos estrangeiros retornarem a seus países "para que possam colaborar com o desenvolvimento local".
A escolha dos alunos participantes é feita pelas embaixadas brasileiras nos países africanos, que selecionam os candidatos com as melhores notas. Já os brasileiros são escolhidos pelo desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com prioridade a estudantes da rede pública.
Os selecionados passam por um estudo socioeconômico e, caso não tenham condições de se manterem no Brasil, entram no programa de bolsa moradia. De acordo com a Unilab, 22 apartamentos alugados recebem 88 estudantes nesta primeira etapa. Eles também têm garantidas as refeições no restaurante universitário.
Speller explica que boa parte dos alunos estrangeiros já recebe algum tipo de incentivo. Por enquanto foram distribuídas 45 bolsas de iniciação científica, com apoio do CNPq e Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará, e outras 40 bolsas de iniciação à docência, com apoio da Capes. "As bolsas funcionam como uma política de integração efetiva do estudante na vida da universidade, não são apenas bolsas assistenciais", explica o reitor, ressaltando que outros programas estão sendo estudados. Dos 180 alunos, 90 vêm de países africanos lusófonosBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Dos 180 alunos, 90 vêm de países africanos lusófonos

Universidade em Redenção

A escolha da pequena cidade cearense de Redenção, a 55 quilômetros de Fortaleza, como sede da primeira universidade federal com foco na internacionalização do ensino tem toda uma simbologia. Redenção foi o primeiro município brasileiro a abolir a escravidão no país, em 1884, antes mesmo da Lei Áurea, assinada quatro anos mais tarde.
O primeiro campus em funcionamento foi batizado como Liberdade e o segundo, cuja construção será iniciada nos próximos meses, será chamado Campus das Auroras. Ele terá alojamento para estudantes e para professores convidados.
Speller está animado com a experiência.
Ex-reitor da Universidade Federal do Mato Grosso que trabalhava com programas de inclusão de alunos indígenas, africanos e latino-americanos, ele afirma que as expectativas com a Unilab são grandes. "A receptividade é grande, tanto no Brasil quanto nas universidades parceiras", garante Speller. "Esta é uma universidade que reflete o processo da posição atual do Brasil no cenário internacional", afirma.

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