Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos participa de diálogo sobre crimes de racismo religioso
Evento foi em Valparaíso de Goiás e reuniu lideranças de todo o entorno do Distrito Federal
Motivado pelos recentes crimes
praticados contra adeptos de religiões de matriz africana, o governo de
Goiás realizou um evento, hoje (16) em Valparaíso de Goiás, para
discutir o assunto. O ouvidor nacional da igualdade racial, Carlos
Alberto de Souza e Silva Júnior, e a gerente de projetos da secretaria
de políticas para comunidades tradicionais, Desireè Tozi participaram do
evento.
O ponto central da discussão é que os
praticantes das religiões de matriz africana não querem a utilização do
termo “tolerados”, que denota aceitação. O grupo luta por respeito,
garantia de direitos.
“Não queremos ser tolerados, nós
queremos ter respeito”, disse Alexandre de Oxalá. Para ele, o problema é
generalizado, e muitas vezes isso acaba minimizando o assunto.
Carlos Alberto lembrou dos casos
recentes de violência contra terreiros, no Distrito Federal e em cidades
goianas do entorno, e disse que falta entendimento por parte de alguns
setores da sociedade para combater esse tipo de crime.
“O que percebemos é o ódio religioso
deliberado. Muitas vezes a polícia chega ao local e faz o registro como
um simples crime contra o patrimônio. Lutamos para caracterizar como o
que realmente é, crimes de racismo com motivação religiosa”.
O pai de santo Antônio de Oxalá
criticou a perseguição feita por evangélicos aos seguidores de religiões
de matriz africana. Na visão do pai de santo, vive-se uma situação de
opressão constante.
“As igrejas ficam ricas e elegem
políticos para nos oprimir. Todas as esferas de governo sofrem com esse
problema. Ou fazem o que as igrejas querem ou não fazem nada. Eu já
alertava para esse problema há 30 anos”.
Estratégia
O grupo decidiu formular um documento
para encaminhar ao Governo Federal, ao estado de Goiás e aos municípios
do entorno, com ações para combater os crimes com motivação religiosa.
Uma das estratégias é a educação das
pessoas que não conhecem a cultura africana, como forma de dirimir os
crimes. Outra ação considerada importante pelo grupo é a denúncia, o
acompanhamento e a punição dos agressores.
Desireè disse que o governo trabalha
para garantir políticas públicas para atender a especificidade de povos
como os quilombolas, entre outros.
“O racismo persiste em todos os cantos,
na sociedade, nas delegacias, enfim, em todos os espaços. Vocês tem que
nos cobrar e nós temos que cobrar o judiciário para começar a
criminalizar e punir os culpados por esse tipo de agressão”.
Carlos Alberto reforçou o papel do
Estado de garantir os direitos constitucionais e laicidade em todas as
esferas de governo (municipal, estadual e federal).
“O espaço público não é para servir uma religião, seja qual for esta religião. O espaço público é para todos, sem diferenças”.
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