Pendente de regularização, Bairro Tiradentes não tem infraestrutura urbana
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Foto: Rafa Aguiar/CMBH
O vereador Irlan Melo (PR), por meio da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, visitou a Rua Padre Argemiro Moreira, no Bairro Tiradentes (Região Nordeste), nesta quinta-feira (20/12), e encontrou um bairro sem infraestrutura urbana. Há redes de água e esgoto apenas na Rua Padre Argemiro. Mas nem essa via, a principal do bairro, tem luz elétrica ou asfalto. Originalmente, o local era uma fazenda, comprada pela Associação de Voluntários e Amigos da Polícia Militar, que dividiu a área em lotes e os vendeu. Entretanto, 17 anos depois, o Bairro Tiradentes segue sem regularização fundiária, pois a Prefeitura alega que só pode regularizá-lo se o empreendedor arcar com os custos de infraestrutura urbana. Também foi citado como impedimento pendências com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
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Segundo Erly Simplício, membro da Associação de Voluntários e Amigos da Polícia Militar, o bairro foi criado pelo irmão dela, um cabo da PM e fundador da Associação. Todos os moradores pagaram o mesmo valor; a área (cerca de 520 mil m²) foi dividida em cotas de 200 m² e fez-se sorteio entre os compradores. Simplício se queixou de que a municipalidade cria empecilhos para a regularização: “O poder público quer que se façam todas as obras de infraestrutura primeiro, para depois assentar os moradores, e isso é impossível. Não posso negar o direito de morar a uma pessoa”, afirmou. Ela frisou que o bairro não é invasão e há um contrato de compra e venda dele em nome da Associação. Ainda segundo Simplício, desde 1998 uma lei tirou da Prefeitura a responsabilidade de fornecer infraestrutura urbana. “Só que no nosso caso é diferente, porque nós não visamos lucro, nosso trabalho é social. Quem teria que arcar com esse custo seria o poder público. A gente quer pagar IPTU, água e luz, mas, infelizmente, algumas portas do poder público não nos permitem”, afirmou.
Entretanto, ela vislumbra uma solução do problema a partir da promulgação da Lei 13.465/17, que dispõe sobre regularização fundiária rural e urbana, e do Decreto Municipal nº 16.888/18, que declara o Bairro Tiradentes como área de interesse social, incluindo-o na Regularização Fundiária Urbana de Interesse Social (Reurb-S) da Lei citada.
Meio ambiente
Moradora da Rua Padre Argemiro Moreira, Elisabete Vieira Sobrinho acredita que o principal entrave para regularizar a região é com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. De acordo com ela, no início do loteamento, por desconhecimento dos moradores, houve invasão de área de preservação ambiental e entupimento de nascentes, o que motivou um novo mapeamento da região, com redução do número de lotes. “Na Prefeitura, desde o início há o problema de aprovação dos lotes por causa disso, mas a gente está junto com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente para legalizar a nossa situação. O embargo maior é com o Meio Ambiente. O processo vai lá e volta”, contou. Ela também objetou que a Associação não tem condições financeiras para implantar a estrutura urbana na área.
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Encaminhamentos
Ao fim da visita, o vereador Irlan Melo afirmou que vai marcar uma reunião com a Procuradoria Geral do Município, “porque tem uma questão jurídica que precisa que ser enfrentada”. Ele acredita que há necessidade de fazer um acordo entre a Subsecretaria de Regulação Urbana e o empreendedor. Após o encontro com a Procuradoria e de posse de mais informações, ele pretende marcar uma reunião com a Subsecretaria e a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) para saber como interferir na situação. Posteriormente, fará um encontro com toda a comunidade. “As pessoas aqui não têm infraestrutura nenhuma do Município. São pessoas que realmente precisam e a gente precisa ajudar”, afirmou. Melo citou que as ações terão o apoio do colega Edmar Branco (Avante).
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