Ângela Portela destaca papel do Prêmio Bertha Lutz na promoção dos direitos da mulher
Tércio Ribas Torres
Criado com a finalidade de
homenagear mulheres que ao longo da vida tenham prestado relevante
contribuição à defesa dos direitos da mulher, às questões de gênero e,
consequentemente, aos direitos humanos, o Prêmio Bertha Lutz "ajuda no
processo de empoderamento das mulheres, na medida em que estimula outras
pessoas a contribuírem com a melhoria de vida das mulheres do Brasil". É
o que afirma a senadora Ângela Portela (PT-RR), presidente do Conselho
do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, colegiado responsável pela escolha
das personalidades agraciadas.
O processo de seleção das homenageadas é
outro ponto destacado por Ângela. A senadora aponta que, ao serem
escolhidas, as agraciadas revelam à sociedade que “não precisa ser
pessoa pública para ajudar a mudar a realidade de quem sofre, seja por
causa da violência, por falta de conhecimento ou por falta de
oportunidade”. Entre as homenageadas neste ano, há duas ministras de
tribunais, mas também representantes de categorias profissionais,
ativistas e pesquisadoras.
Direitos
Na opinião de Ângela Portela, a luta que
as mulheres brasileiras protagonizaram ao longo das últimas décadas para
serem reconhecidas como cidadãs tem resultado em ganhos importantes.
Ela lembra, por exemplo, que há cerca de 80 anos as mulheres não tinham
direito de votar.
— Hoje, votamos e podemos ser votadas. E,
neste aspecto, estamos lutando para ampliar nossa participação na vida
política do país e em todos os espaços de decisão — afirma.
Ângela Portela também destaca que o
combate à violência contra a mulher entrou na pauta do país. Segundo
ela, a importância dessa luta se reflete na publicação da Lei Maria da
Penha (Lei 11.340/2006).
A senadora acrescenta que, desde que entrou em vigor, a lei adquiriu
grande visibilidade, elevou os índices de denúncias de violência e “hoje
figura entre as três leis mais importantes do mundo” nessa área.
Ângela elogia iniciativas do governo
federal, como o Programa Mulher, Viver Sem Violência e a criação da Casa
da Mulher Brasileira, mas aponta que ainda há muito a conquistar.
— Ainda temos grandes desafios nesta
questão. Mas, mesmo afirmando que a luta continua, já podemos dizer
também que valeu lutar — declara.
Exceção
O Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz foi
criado pelo Senado Federal em 2001 e já premiou 70 mulheres. Entre elas,
a ex-senadora Emilia Fernandes, a feminista Rose Marie Muraro e a
presidente Dilma Rousseff. O nome do prêmio é uma homenagem à bióloga
Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976). Ela foi uma das pioneiras do
movimento feminista no Brasil, responsável por ações políticas que
resultaram em leis que deram direito de voto às mulheres e igualdade de
direitos políticos no início do século 20.
O Conselho do Diploma Mulher-Cidadã Bertha
Lutz, composto por 15 membros, escolheu, de forma inédita, seis
mulheres para serem agraciadas com o prêmio neste ano. Diante do empate
na votação para a escolha das cinco homenageadas, o conselho decidiu
abrir uma exceção e contemplar uma candidatura a mais. No próximo dia 8
de março, a comenda será entregue a personalidades femininas que se
destacaram na luta pelos direitos da mulher. São elas: Carmen Lúcia ,
Clara Araújo, Mary Garcia Castro, Ivanilda Pinheiro Salucci, Maria
Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha e Creuza Maria Oliveira.
Homenageadas
Conheça as homenageadas com o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz 2015:
- Creuza Maria Oliveira, nascida na Bahia,
é presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas.
Começou a trabalhar aos 10 anos e somente aos 21 teve a carteira
assinada, recebeu o primeiro salário e começou a ser alfabetizada.
- Cármen Lúcia é ministra do Supremo
Tribunal Federal (STF). Doutora em direito do estado pela Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo (USP), também foi procuradora do
estado de Minas Gerais e presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
- Clara Araújo foi a primeira mulher a
presidir a União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1982. É graduada em
Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
foi uma das fundadoras da União Brasileira de Mulheres (UBM).
- Mary Garcia Castro é pesquisadora de
temas relacionados a direitos humanos de mulheres e jovens na América
Latina. Doutora emsociologia pela Universidade da Flórida, publicou
vários livros relacionados a temas de gênero, movimentos sociais,
identidades e cidadania. Devido à ditadura militar, teve que sair do
país. Como professora universitária aposentada, ministra palestras para
formação de lideranças feministas em todo o Brasil.
- Maria Elizabeth Teixeira é a primeira
ministra empossada presidente do Superior Tribunal Militar (STM).
Bacharel em direito pela PUC Minas, foi procuradora federal na
Advocacia-Geral da União (AGU).
- Ivanilda Pinheiro Salucci é educadora
social. Ajudou a fundar o Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente
de Roraima e atualmente trabalha com crianças e suas famílias em área
de risco de Boa Vista. É membro do Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente e do Comitê Estadual de Enfrentamento à
Violência Sexual.
Agência Senado
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