Chefe da ONU expressa preocupação com clima mais quente e crescimento de tensões políticas

por ONU Brasil
Refugiados da Somália chegam a campo na Etiópia. Devido à falta de chuvas e contínua insegurança no país, o número de refugiados no assentamento aumentou. Foto: UNICEF/Jiro Ose
Refugiados da Somália chegam a campo na Etiópia. Devido à falta de chuvas e contínua insegurança no país, o número de refugiados no assentamento aumentou. Foto: UNICEF/Jiro Ose
O aquecimento global e as tensões políticas crescentes são perigosos e evitáveis, disse o secretário-geral das Nações Unidas na quinta-feira (1º), em preparação à Cúpula da ONU sobre Ação Climática. Durante conversa com jornalistas em Nova Iorque, António Guterres, afirmou que, embora tenha havido verões quentes no Hemisfério Norte, o deste ano "não é o verão de nossa juventude", e sim uma emergência climática.
De fato, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicou que 2019 teve o mês de junho mais quente já registrado, com recordes quebrados de Nova Déli ao Círculo Ártico. O mês de julho também deve igualar, ou até mesmo superar, o mês mais quente já registrado na história. Além disso, 2015 a 2019 formam o período de cinco anos mais quente já registrado.
"Se não adotarmos ações sobre mudança climática agora", disse Guterres, "estes eventos meteorológicos extremos serão apenas a ponta do iceberg. E este iceberg também está derretendo rapidamente".

Cúpula da ONU sobre o Clima

A respeito da Cúpula da ONU sobre Ação Climática, marcada para 23 de setembro em Nova Iorque, o chefe da ONU afirmou que o bilhete de entrada – para governos, empresas e sociedade civil – é "ação ousada e muito mais ambição".
Segundo Guterres, isso é necessário para o mundo limitar aumentos de temperatura a 1,5°C e evitar os piores impactos da mudança climática, ao cortar 45% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030 e alcançar neutralidade de carbono até 2050.
"Discursos bonitos", disse, não são suficientes: "líderes precisam viajar a Nova Iorque em 23 de setembro com planos concretos para alcançar estes objetivos". Guterres afirmou que muitas soluções estão disponíveis e já estão sendo colocadas em prática.
Entre elas estão o uso crescente de tecnologias que permitem energia renovável mais barata que combustíveis fósseis; o plantio de milhões de árvores para reverter o desmatamento e remover dióxido de carbono do meio ambiente. Junto a isso, empresas pioneiras estão reconhecendo que, para evitar grandes perdas, é hora de fugir de economias "cinzas" e poluentes e seguir para a economia verde.
"Precisamos de uma mudança rápida e profunda em como fazemos negócios, geramos energia, construímos cidades e alimentamos o mundo", disse.

Tensões políticas

Guterres também chamou atenção para as tensões no cenário político global, especialmente no Golfo Pérsico, nos atritos entre a China e os Estados Unidos, e entre Estados que possuem armas nucleares.
Um pequeno engano no Golfo Pérsico, disse, pode levar a um grande confronto.
Se referindo a incidentes recentes no Estreito de Ormuz – que incluem a captura de um petroleiro britânico pelo Irã, a destruição de um drone iraniano pelos Estados Unidos e a decisão britânica de fornecer uma escolta naval para petroleiros – o chefe da ONU destacou a necessidade de respeitar direitos e deveres relacionados à navegação no Estreito e em suas águas adjacentes, de acordo com a lei internacional.
A respeito das relações China-EUA, Guterres afirmou que as lições da Guerra Fria precisam ser aprendidas para evitar que ela aconteça novamente, na qual dois blocos competidores surgem, cada um com sua própria moeda dominante, regras comerciais e regras geopolíticas e militares contraditórias.
"Com liderança comprometida com a cooperação estratégica e a gestão de interesses competidores", disse, "podemos levar o mundo a um caminho mais seguro".
O fim iminente do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário – descrito pelo secretário-geral como um "marco que ajudou a estabilizar a Europa e o fim da Guerra Fria" — significa que o mundo irá perder um "freio inestimável" para a guerra nuclear.
Estados que possuem capacidade de armas nucleares devem, afirmou, evitar acontecimentos desestabilizantes e buscar urgentemente um novo caminho em direção a novas medidas internacionais de controle de armas.

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