PF investiga esquema criminoso de grilagem de terras na Amazônia
Boa Vista/RR – A Polícia
Federa deflagrou hoje (16/12) a Operação Vassalagem, com o objetivo de
desarticular organização criminosa responsável por fraudes ocorridas no
ITERAIMA, órgão fundiário estadual em Roraima. Os crimes investigados
culminaram na indevida transferência de terras públicas para
particulares, em grandioso esquema criminoso de grilagem terras na
Amazônia.
Foram cumpridos 79 mandados de busca e
apreensão e 79 mandados de condução coercitiva, em Roraima, São Paulo,
Amazonas, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Paraná, Pernambuco e Mato
Grosso do Sul. Foi efetuada a prisão em flagrante de grileiros,
beneficiários de terras objetos dos procedimentos investigados que se
mantêm na prática criminosa permanente de invasão de terras públicas.
A investigação da Polícia Federal
apontou fortes indícios de fraudes na regularização fundiária promovida
pelo ITERAIMA, promovendo um esquema criminoso de grilagem das terras de
todo o território do Estado, com crimes de falsidade documental e/ou
ideológica para concessão fraudulenta de títulos no ITERAIMA aos
beneficiários.
No decorrer das investigações, foram
apuradas as condutas de 5 grupos indiciados pelas práticas criminosas no
período investigado: servidores da cúpula administrativa do ITERAIMA à
época dos fatos; vistoriadores; agrimensores (engenheiros e técnicos);
beneficiários das terras sem qualquer ocupação da área; e beneficiários
das terras com ocupação irrisória.
Os beneficiários eram os destinatários
dos títulos de posse ou regularização fundiária do ITERAIMA, obtidos
fraudulentamente. Os agrimensores faziam o georreferenciamento sem
trabalho in loco, com execução de prestação de serviço sem
Anotação de Responsabilidade Técnica ou com informações inconsistentes
naquele documento e constatação fraudulenta de identificação de limites e
confrontações de terras. Os vistoriadores emitiam laudos de vistoria
nos quais atestavam falsamente a devida ocupação e exploração da área
pleiteada. O alto escalão do ITERAIMA, formado por servidores públicos
com poder decisório, deferiam requerimentos eivados de vícios,
facilmente identificados nos próprios processos de regularização.
Foram apresentados fortes indícios de
fraudes e falsificações em cada um dos procedimentos administrativos
apreendidos anteriormente no ITERAIMA e apensados na investigação,
através de perícia e/ou análise da documentação do inquérito. Há ainda
provas testemunhais das fraudes investigadas.
Os investigados conduzidos
coercitivamente estão sendo interrogados e indiciados na Polícia Federal
por crimes previstos nos artigos 19 e 20 da lei 4.947/66, 299 do Código
Penal e 89 da lei 8.666/93. A documentação apreendida nos domicílios
dos investigados será analisada e confrontada com as provas do inquérito
policial.
*O nome da Operação Vassalagem remete
ao ritual de concessão de terras do que ocorria na Idade Média, quando o
senhor concedia terras a seus vassalos em troca de obrigações de
fidelidade mútua. Naquele período histórico, para investidura do feudo,
havia a entrega de um objeto simbólico pelo senhor ao seu vassalo. Em
Roraima, o Título de Posse ou de Regularização Fundiária do ITERAIMA,
que dava direito legal ao uso e ocupação das terras pleiteadas, era a
formalização simbólica da concessão fraudulenta de terras investigada
pela Polícia Federal.
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