Empresário diz que exercerá direito de ficar calado na CPI dos Fundos de Pensão


O ex-presidente da Sete Brasil João Carlos Ferraz afirmou há pouco que permanecerá em silêncio sobre quaisquer assuntos além da captação de recursos com fundos de pensão para criar a empresa para construção de sondas de perfuração para a Petrobras.
“Vou exercer meu direito de permanecer em silêncio”, afirmou, ao responder ao relator deputado Sergio Souza (PMDB-PR), sobre o acordo de delação premiada que teria feito com a força-tarefa da Operação Lava Jato, e também que não falará sobre o possível recebimento de propina nos contratos da empresa. Pelo acordo, ele devolveria R$ 3 milhões e repatriaria pelo menos 1,9 milhão de dólares (atualmente, R$ 7,7 milhões).
Ferraz participa de reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão para falar sobre o financiamento pelos fundos de pensão Petros (da Petrobras), Previ (do Branco do Brasil), Valia (da Vale do Rio Doce) e Funcef (da Caixa Econômica Federal) na formação de capital da Sete Brasil.
A Petrobras possui atualmente 28 contratos de afretamento de sondas com a Sete Brasil, assinados em junho de 2011 (7 sondas) e agosto de 2012 (21 sondas) e que totalizam 89 bilhões de dólares por prazos de 10 anos (5 sondas), 15 anos (21 sondas) e 20 anos (2 sondas).
Propinas
Souza criticou a fala de Ferraz e avaliou que a criação da Sete Brasil poderia estar relacionada com o recebimento de propinas. “Nenhuma sonda das idealizadas foi produzida. Diria com toda a tranquilidade. A instabilidade política nasceu daqui e ela gerou a instabilidade econômica que a sociedade toda está pagando”, afirmou.
Ferraz confirmou que a saída dos fundos de pensão atualmente da Sete Brasil seria um mau negócio para os acionistas. “Se as sondas forem construídas e exploradas adequadamente e conseguirem um índice de performance na faixa de 95%, acho que pode vir a ser um bom negócio. Isso tudo depende de como a empresa vai se comportar daqui pra frente. Sair hoje certamente é um mau negócio.”
Acusações
Ferraz foi acusado de receber propina pelo ex-gerente da área de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. Segundo Barusco, os estaleiros contratados pela Sete Brasil para construir as sondas (ao custo unitário de 800 milhões de dólares) pagaram propina de 1% sobre os contratos, dividida da seguinte maneira: 2/3 para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, e o restante para ele, Barusco, Ferraz e Eduardo Musa (então diretor de Participações).
Em carta enviada em março à direção da Sete Brasil, Ferraz admite que recebeu 1,98 milhão de dólares em propina dos estaleiros que trabalham para a companhia na construção de sondas de exploração do pré-sal. Segundo ele, as "gratificações" foram aceitas em um "momento de fraqueza", em que era pressionado por colegas.
A audiência continua no plenário 13.

Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo

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