CPI da Petrobras inicia reunião para ouvir executivos asiáticos e delegados da PF



Começou há pouco a audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras convocada para ouvir os depoimentos de seis pessoas. Dois dos convocados são os presidentes das empresas Samsung Heavy Industry e Mitsui, respectivamente J. W. Kim e Shinji Tsuchiya.
Os presidentes das duas empresas não são acusados de irregularidades, mas tanto a Samsung quanto a Mitsui foram envolvidas em suspeita de pagamento de propina por seu ex-representante no Brasil, Júlio Camargo, e pelo doleiro Alberto Youssef.
Camargo intermediou contratos das duas empresas com a Petrobras e disse, em acordo de delação premiada, que houve pagamento de propina nos negócios. Ele envolveu o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na negociação. Cunha nega e afirma que o empresário só mencionou o seu nome depois de pressionado pelo Ministério Público. Os empresários foram convocados a pedido do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ).
Júlio Camargo foi denunciado por corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, junto com o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado pela Polícia Federal (PF) como operador do PMDB no esquema de desvio de recursos da Petrobras.
Soares foi acusado de atuar como operador financeiro, indicando e controlando contas para o pagamento de propina supostamente feito por Júlio Camargo. As denúncias se referem à compra, por R$ 1,2 bilhão, de dois navios sonda. Soares e o PMDB também negam as acusações.
Em julho, a Mitsui emitiu nota em que afirma que nunca foi representada no Brasil por Júlio Camargo.
Provas questionadas
Além dos dois executivos, foram convocados um agente e três delegados da PF encarregados das investigações da Operação Lava Jato. O agente Sérgio Ramalho Rezende e os delegados José Navas Júnior, Ricardo Hiroshi Ishida e Sérgio de Arruda Costa Macedo foram convocados a pedido do deputado Leo de Brito (PT-AC).
O deputado quer saber como foram obtidos os dados das ligações telefônicas entre o doleiro Alberto Youssef e os ex-deputados Luiz Argôlo e André Vargas, presos em Curitiba.
Os dados foram enviados à Polícia Federal pela empresa RIM (Research in Motion), do Canadá, que fabrica os celulares BlackBerry usados pelos três. Os celulares usavam mensagens criptografadas.
As defesas de André Vargas, Luiz Argôlo e da empreiteira OAS argumentam que os dados foram obtidos ilegalmente. Os advogados alegam que a PF não respeitou acordo de colaboração internacional entre o Brasil e o Canadá ao procurar diretamente a fabricante do telefone e não o Ministério da Justiça canadense. E a defesa de André Vargas pede a anulação das provas alegando que ele não poderia ter sido investigado sem autorização do Supremo Tribunal Federal, já que na época era deputado.
Vargas foi preso em uma investigação que não tem relação direta com desvios da Petrobras. Ele é suspeito de envolvimento em um esquema de fraude em contratos de publicidade firmados pelo Ministério da Saúde e pela Caixa Econômica Federal (CEF).
Ele teve o mandato cassado no ano passado depois de ter usado um jatinho alugado por Youssef. O ex-deputado foi acusado ainda de tentar intermediar negócios de Youssef, dono de um laboratório de medicamentos, o Labogen, com o Ministério da Saúde.
Segundo as investigações, uma agência de publicidade contratada pela CEF e pelo Ministério da Saúde subcontratava fornecedoras de materiais publicitários que eram de fachada e tinham como sócios André Vargas e o irmão dele, Leon Vargas. O irmão de Vargas também chegou a ser preso e foi liberado com o fim do prazo da prisão temporária.
Vargas foi ouvido em maio pela CPI em Curitiba, onde está preso. Apesar de optar por ficar calado diante dos membros da CPI da Petrobras, ele disse que nunca recebeu recursos ilícitos do doleiro Alberto Youssef.
Ainda não foi marcada reunião da CPI para votar novos requerimentos de convocação, como a do ex-ministro José Dirceu, preso em mais uma fase da Operação Lava Jato.


Reportagem – Antonio Vital
Edição – Marcos Rossi

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