Universidade federal inova para alcançar alunos do interior da Bahia

José Paulo Tupynambá
Naomar de Almeida, da UFSBA, senador Paulo Paim e Antônio Simões, do Ministério da Educação
Um modelo novo de interiorização da universidade, com integração nos níveis federal, estadual e municipal e atendimento da demanda regional pelo ensino superior. É o que promete o Plano Orientador Institucional e Político-Pedagógico da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSBA), discutido nesta quarta-feira (3) em audiência pública na Comissão de Educação, Esporte e Cultura (CE). A audiência foi solicitada pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA) e teve como presidente o senador Paulo Paim (PT-RS).
A UFSBA deve iniciar suas atividades no segundo semestre de 2014, já com a abertura de 9,1 mil vagas. Boa parte dessas vagas (5 mil) vem da principal inovação da nova instituição, os Colégios Universitários, que serão instalados nos 22 municípios com mais de 20 mil habitantes entre os 48 que integram a região de influência da Universidade. Esses colégios estarão, por um lado, integrados com os três campi da UFSBA, localizados em Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas. Por outro, estarão também vinculados aos municípios limítrofes com menor população, para assegurar que todos tenham acesso ao ensino universitário. Os Colégios Universitários são adaptados de experiências bem sucedidas nos Estados Unidos, Canadá, Suécia, Noruega, Alemanha, Argentina e Cuba.
O presidente da Comissão de Implantação da UFSBA, o ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Naomar Monteiro de Almeida Filho, explicou que os Colégios Universitários serão implantados em instalações ociosas de escolas estaduais de ensino médio da região. A universidade trará os recursos federais para sua implantação e encaminhará equipes para supervisão das unidades, aos sábados. Caberá às prefeituras o compromisso de providenciar o transporte dos alunos entre os municípios menores e os centros universitários e entre estes e os campi da UFSBA, onde serão ministradas as aulas dos ciclos de formação profissional e residência profissional.
O coordenador-geral de Expansão e Gestão das Instituições Federais de Ensino Superior do Ministério da Educação, Antônio Simões Silva, afirmou, na audiência, que uma consequência imediata da implantação da UFSBA será a melhoria do ensino médio. Hoje, apenas 17 mil alunos se formam no ensino médio a cada ano, para uma oferta de menos de 1,5 mil vagas no ensino superior público na região. O coordenador disse que o Ministério torce muito para o bom êxito da experiência, que se pretende expandir por todo o Brasil.
- Ao ver seu vizinho no curso superior, sem precisar de grandes deslocamentos, o estudante do ensino médio deve se esforçar mais nos estudos, diminuindo a evasão escolar - afirmou o coordenador do MEC.
O acesso à UFSBA será feito por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o número de vagas visa atender um a cada três pessoas que concluírem esta etapa de ensino.
- Uma competição saudável, mas não desigual – afirmou a professora Joana Angélica Guimarães, também integrante da equipe de implantação da UFSBA. Ela lembrou que boa parte das vagas de ensino público superior da região é ocupada por alunos de outras regiões, dificultando o acesso para a população local.
Internet
Antônio Simões Silva disse que, entre os principais desafios da nova universidade será garantir uma rede de internet muito boa, necessária à integração entre os campi e os Colégios Universitários. Também enfatizou a necessidade de editais diferenciados para a contratação de professores e funcionários, bem como para a seleção de alunos. Com o critério da interdisciplinaridade permeando toda a UFSBA, os professores contratados deverão se considerar integrantes da instituição como um todo, e não de um departamento específico. Essa interdisciplinaridade e os ciclos comuns a todos os cursos facilitarão a mobilidade dos alunos, que poderão redirecionar sua formação sem grandes prejuízos.
Os alunos farão o primeiro ano do Bacharelado Interdisciplinar, comum a todos os cursos, nos Colégios Universitários ou nos campi da UFSBA. Os dois anos seguintes do Bacharelado serão feitos nos campi, com graduação plena nas áreas de Ciências e Tecnologias; Humanidades; Artes; e Saúde. A graduação deve suprir a carência de professores na região, que deverão, para obterem a Licenciatura Interdisciplinar, cumprirem uma carga horária que atende aos requisitos legais e um estágio de 600 horas, como explicou o professor Naomar.
O Bacharelado é a conclusão do primeiro ciclo, com duração de três anos, divididos em quadrimestres. O segundo ciclo, cuja duração varia de acordo com o curso escolhido, visa à formação profissional. A UFSBA será constituída sobre o conceito de aprendizagem compartilhada, onde alunos de um ano são tutores do ano anterior. A UFSBA terá também Mestrados Profissionais, utilizando o conceito de Residência, já consagrado na Medicina.
Agência Senado

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