Parceria de UPPs com Banco de Alimentos beneficia moradores

Cinquenta cestas com legumes e frutas do Ceasa são distribuídas por mês

Além da segurança, outro atributo está ficando cada vez mais patente na atuação da polícia pacificadora. Pautados pelo diálogo com as comunidades, os policiais de UPPs têm conseguido estabelecer uma até então inédita interlocução com moradores e outros atores sociais da iniciativa privada. 

Um bom exemplo de que essa união vem apresentando bons resultados é a parceria que policiais fizeram com o projeto Banco de Alimentos Ceasa Rio, por meio do qual distribuem mensalmente cerca de 50 cestas com frutas e legumes, para moradores de nove comunidades pacificadas. A iniciativa acontece desde abril de 2012.

A Rocinha foi a primeira comunidade a receber o benefício, que em seguida foi levado para a Chatuba, no Complexo da Penha. Já Parque Proletário, Fé e Sereno, Adeus/Baiana, Fazendinha, Vila Cruzeiro e São Carlos foram inseridas no projeto, no decorrer do ano.

- Para cada família a gente calcula que cinco integrantes. A cesta tem no mínimo cinco itens e hoje atendemos aproximadamente 500 famílias - explicou Lilian Esteves, chefe do setor do Banco de Alimentos Ceasa Rio.

Na UPP Chatuba, o responsável pela busca dos alimentos é o cabo Manzoni.

- A minha satisfação não é só na entrega. Mas, em ver a criação do vínculo com a comunidade. É no dia-a-dia que a acontece a proximidade, conta Manzoni, que lembra da inicial resistência com os policiais e que, hoje, acabou a ponto dele tomar cafezinho na casa de alguns deles.

- Dou muita atenção para as crianças. Os pequenos são o futuro. Conversamos com eles, orientamos e acaba que alguém fica interessado em curso de informática ou em praticar esporte. A ideia é tirar o jovem da rua, conta Manzoni.

- Quando entramos aqui, tinha criança que cuspia na viatura, xingava e hoje nos respeita, conversa - lembra o cabo.

Os itens encontrados nas cestas distribuídas pelos policiais militares são frutas, verduras e hortaliças, que além do valor nutritivo que faz bem à saúde ajudam muitas pessoas com dificuldades para compor o orçamento familiar.

- Evitamos enviar cereal para tentar manter um hábito alimentar mais saudável na comunidade. Incentivar o consumo de frutas e legumes - afirma Lilian Esteves, da Ceasa.

- Aqui dá um bom cozido. Coloco um pedaço de carne dentro, e está pronto. Minha aposentadoria não dá para todas as despesas - conta Venceri Salviano, que mora na comunidade há um ano.

Para as amigas Ana Paula Jesus e Regina Célia Fernandes os alimentos ajudam muito.
- Não é todo dia que a gente pode comprar uma saladinha. Às vezes o dinheiro só dá para comprar o básico - comenta Regina.

O casal Daniel da Silva e Jaqueline Ribeiro de Jesus também aproveitou a oportunidade e levou para casa a cesta.

- Vai dar para fazer uma sopinha para minha caçula. E ela já está pedindo banana. Toda ajuda é bem-vinda para nós. Hoje nós recebemos muitos benefícios na comunidade. Aqui mudou muito, temos mais qualidade de vida e segurança - disse Daniel, que trabalha como gari.

- Poxa lá em casa são quatro bocas e eu sozinha para sustentar. Sou faxineira e o dinheiro não dá para tudo - contou Silvia Anastácia, que cria os três netos. Para ela, a Chatuba passou por uma verdadeira transformação depois da pacificação.

- Aqui mudou tudo mesmo. Posso subir e descer com tranquilidade. Sem contar que também estão surgindo oportunidades de fazermos alguns cursos. Antes, nós éramos esquecidos - desabafou Silvia.

De acordo com o Cabo Manzoni, na Chatuba as doações acontecem sempre na primeira terça-feira do mês, no ponto de apoio da UPP, que fica ao lado da Creche Municipal Betinho.

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