Documentos sobre as viagens de d. Pedro II viram patrimônio da humanidade
D.
Pedro II adorava viajar. Em um de seus diários pessoais, ele admite:
preferia que seu pai continuasse imperador para que pudesse se dedicar
mais às suas viagens. Mas, mesmo assumindo o trono ainda menino, o
imperador conseguiu realizar seu desejo: percorreu o Brasil e o mundo ao
longo de seus 49 anos de governo.
Todas
essas viagens deixaram uma enorme variedade de registros documentais,
que acabam de ser inseridos no registro internacional do Programa
Memória do Mundo, da Unesco. A titulação é equivalente à de Patrimônio
da Humanidade, sendo esta última concedida a monumentos e cidades,
enquanto o Programa Memória do Mundo premia documentos.
A
documentação premiada pertence ao Arquivo Histórico do Museu Imperial
(Ibram/MinC), localizado em Petrópolis/RJ, e está reunida no Conjunto documental relativo às viagens do imperador d. Pedro II pelo Brasil e pelo mundo,
que possui 2.210 documentos. O conjunto reúne diários pessoais,
desenhos feitos pelo próprio imperador, cadernetas, correspondências,
registros de visitas, relatórios de despesas, jornais, homenagens e
convites.
Os
documentos textuais e iconográficos permitem, principalmente a partir
das impressões pessoais de d. Pedro II, traçar um painel sobre o século
XIX e suas transformações, revelando aspectos da evolução do pensamento,
das descobertas científicas, da diversidade cultural e das paixões
políticas, permitindo a análise das relações diplomáticas entre o Brasil
e países de diferentes continentes.
Em
dezembro de 2010, o conjunto já havia recebido a diplomação do Registro
Nacional do Programa Memória do Mundo, reconhecendo sua importância
como patrimônio nacional. Na ocasião, era formado por 870 documentos,
que foram identificados por meio de seu inventário.
A
partir de então, a equipe do Museu realizou um intenso trabalho de
pesquisa, lendo cerca de 40 mil documentos para identificar outros que
também dissessem respeito às viagens do imperador, mesmo que não
estivessem classificados como tal no inventário. Assim, o conjunto
chegou a mais de dois mil registros. Nesse processo, os pesquisadores
identificaram documentos inéditos, como uma parte de um dos diários que
se acreditava estar perdida e que, na verdade, estava classificada
erroneamente como correspondência.
Com
a nominação, o Museu Imperial planeja a publicação de produtos
comemorativos, como uma reedição revista e ampliada dos diários
(publicados em 1999 pelo Museu com organização da historiadora Begonha
Bediaga) e catálogos, além da realização de uma exposição itinerante
sobre as viagens de d. Pedro II.
Sobre o Programa Memória do Mundo
O
Programa Memória do Mundo foi criado pela Unesco, em 1992, devido à
consciência crescente do lamentável estado de conservação do patrimônio
documental e do deficiente acesso em diferentes partes do mundo. O
objetivo é dar maior visibilidade a esses documentos e despertar a
consciência coletiva sobre a importância de sua preservação.
O
programa é composto por três registros – nacional, regional e
internacional –, concedidos de acordo com a abrangência da importância
da documentação. Todos os registros são equivalentes, para documentos,
ao título de Patrimônio da Humanidade, que é concedido pela Unesco a
patrimônios arquitetônicos.
O
Museu Imperial foi agraciado com o registro nacional em 2010, concedido
ao conjunto documental sobre as viagens de d. Pedro II, e em 2011, com a
Coleção Carlos Gomes. Em 2012, além da nominação no registro
internacional dos documentos sobre as viagens do imperador, o Museu
concorre, em conjunto com outras instituições, ao registro regional
(América Latina e Caribe) para a documentação sobre a Guerra do
Paraguai.
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