Comissões chamam governo para discutir opção por hidrelétricas sem reservatório
Iara Guimarães Altafin
Blairo Maggi: modelo depende do regime de chuvas, o que reduz capacidade de geração na seca
A opção por novas hidrelétricas com
pequeno ou nenhum reservatório d’água, chamadas usinas a fio d’água,
será discutida em audiência conjunta das comissões de Meio Ambiente,
Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Serviços de
Infraestrutura (CI), com a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, e
o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio
Zimmermann.
O debate foi proposto pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e deverá ser realizado no dia 14 de agosto.
Para evitar o impacto ambiental
resultante da inundação de terras para formação de reservatórios, as
hidrelétricas hoje em construção na Região Norte, como Belo Monte, Jirau
e Santo Antônio, são a fio d’água. Conforme o presidente da CMA,
senador Blairo Maggi (PR-MT), esse modelo depende do regime de chuvas, o
que reduz a capacidade de geração de energia na época seca.
– É mais ou menos como se você não
tivesse caixa d’água em sua casa e dependesse da concessionária injetar
água na tubulação. No momento que quebra uma bomba ou estoura um cano na
rua, você fica sem água. Isso não aconteceria se você tivesse a caixa
d’água, que seria o mesmo que um reservatório da usina. Se ficar sem
chuva por dois ou três meses, os reservatórios mantêm a capacidade de
geração de energia – explicou.
Para fazer frente à redução de energia
gerada nesses períodos de estiagem, observou o senador, o país deverá
lançar mão de termoelétricas a carvão, gás ou biomassa, ou mesmo de
energia nuclear. Na opinião de Blairo Maggi, essas são opções mais caras
e também mais danosas ao ambiente.
Com opinião semelhante, os senadores
Valdir Raupp (PMDB-RO) e Ivo Cassol (PP-RO) afirmaram que as usinas em
construção na Região Norte teriam o dobro da capacidade de geração de
energia se tivessem sido projetadas com reservatórios maiores.
Já o senador Rodrigo Rollemberg
(PSB-DF) observou que a estratégia adotada para as novas hidrelétricas
visa preservar a Amazônia, uma vez que grandes reservatórios, como os
das usinas convencionais, resultariam em grandes impactos ambientais na
região.
Rollemberg apontou a possibilidade de
diversificação da matriz energética como uma das grandes vantagens do
Brasil. Ele concordou com os colegas quanto à necessidade de se aumentar
a capacidade de geração de energia, como condição para o
desenvolvimento do país, mas disse ser necessário identificar
alternativas adequadas a cada região.
O senador pelo DF apontou a vocação
brasileira para geração de energia eólica e solar, opções que podem ser
viáveis, observou, caso o governo aporte incentivos como fez no passado
para o programa de álcool combustível. Ele também ressaltou o potencial
da agroenergia, especialmente com o biodiesel, opção pouco explorada,
segundo disse, desde as descobertas de petróleo no pré-sal.
No debate, ocorrido no início da
reunião desta terça-feira (9) na CMA, o senador Sérgio Souza (PMDB-PR)
lembrou que a hidrelétrica de Itaipu também opera a fio d’água, mantendo
o reservatório não para funcionamento da usina, mas por conta da calha
do rio Paraná. Para o parlamentar, o Brasil deve se valer do menor custo
da energia hidrelétrica, diante das demais opções.
– Precisamos de energia para termos
desenvolvimento sustentável a um custo mais barato. Não estamos
preparados para construir um país em cima de uma energia cara – opinou.
Agência Senado
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