Aliança do Pacífico não prejudica Mercosul, afirma Pimentel
Anderson Vieira
O ministro do Desenvolvimento, Fernando
Pimentel, negou que a criação da Aliança do Pacífico - formada por
Chile, Peru, México e Colômbia - prejudique as atividades comerciais do
Mercosul. Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado,
nesta quinta-feira (4), o ministro disse não haver “motivo para
celeuma”, pois o Mercosul caminha para ser um dos mais importantes
blocos do mundo.
Pimentel chamou atenção, no entanto,
para a necessidade de se evitar a divisão do continente, com uma América
voltada totalmente para o Atlântico e outra ao Pacífico, o que poderia
ser feito, por exemplo, com uma integração da rede logística.
– Brasil e Argentina têm que liderar
esse esforço de integração. Se não fizermos nada, haverá duas Américas,
não por guerra ou divergências, mas pela organização natural das
economias. Os Estados Unidos fizeram a ligação entre leste e oeste no
século 19, e isso alavancou a economia americana. Vamos avançar nos
próximos anos, se houver ligações ferroviária, portuária e rodoviária
entre os dois lados. Este é o grande desafio do continente americano –
disse.
Durante a audiência, o ministro
apresentou um tom otimista em relação ao futuro do Mercosul e da
economia brasileira. Ele afirmou que o Brasil está “atravessando a crise
econômica internacional em melhores condições que outros países”:
– Não tem país no mundo hoje com capacidade tão grande de atrair investimentos estrangeiros como o Brasil – ressaltou.
Fernando Pimentel destacou que o Brasil
tem hoje acordos comerciais com 18 nações do mundo, na média de outras
grandes economias. Segundo ele, os Estados Unidos, por exemplo, têm 20
acordos; a Rússia, 19; a Índia, 13; a China, 10; e o Canadá, 11.
– Se há exemplo de esforço pela
integração bem-sucedido é o Mercosul. Pode ser que alguns não concordem e
achem exagero, mas temos dado ao longo de 20 anos de existência do
bloco um exemplo de sucesso – disse.
Na opinião dele, a moeda americana
atingiu um novo patamar e não deve voltar a menos de R$ 2 como no
passado. Evitando entrar em detalhes sobre a atuação do Banco Central
na tentativa de conter a alta do dólar, ele disse que a autoridade
monetária “age com a prudência necessária” e se preocupa também com
outros fatores, como a inflação.
Acordo automotivo
A um ano do término do atual acordo
bilateral automotivo entre Brasil e Argentina, o ministro do
Desenvolvimento disse que não há impedimento para os dois países
caminharem para o livre comércio no setor.
– Por parte do Brasil, não há empecilho
para que caminhemos para o livre comércio. A Argentina acha que é
precipitado, então pretendemos buscar o melhor formato – explicou.
O atual acordo entre as duas nações foi
firmado em 2008, com validade até 30 de junho de 2014, e isenta de
tributação o comércio de automóveis produzidos pela indústria instalada
nos dois países.
Paraguai
Ao responder a perguntas dos senadores
durante a fase de debates, o ministro negou que a sanção política
imposta pelo Mercosul ao Paraguai tenha prejudicado o bloco e a economia
brasileira. Segundo ele, o comércio do Brasil com o Paraguai aumentou
20% no primeiro semestre deste ano.
– O país foi punido politicamente com o
afastamento do bloco, mas não houve sanção econômica. A decisão foi
sábia, pois não se tratava de punir o povo paraguaio. Já há um governo
eleito democraticamente e interessa a todos que o Paraguai volte a ser
membro pleno bloco e não haverá dificuldade nisso – afirmou.
Evo Morales
Após a audiência, os parlamentares
aprovaram um voto de repúdio ao tratamento dado ao presidente da
Bolívia, Evo Morales, pelos países europeus que lhe fecharam o espaço
aéreo, suspeitando que o avião boliviano trazia a bordo o ex-técnico da
CIA Edward Snowden, procurado pelos Estados Unidos por prática de
espionagem.
Os senadores criticaram a postura de
Espanha, França, Portugal e Itália, que impediram a passagem do avião
presidencial boliviano quando voltava de uma viagem da Rússia.
Agência Senado
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