Situação no Brasil é dramática e não condiz com crescimento econômico
Por Redação TN / Vitor Abdala, Agência Brasil
Por Redação TN / Vitor Abdala, Agência Brasil
Os indicadores de saneamento no Brasil são
“dramáticos” e fazem o país parecer parado no século 19. A avaliação é
do presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. A
organização não governamental realiza estudos e acompanha a situação do
saneamento básico no país. De acordo com o Trata Brasil, os últimos
dados disponíveis do Ministério das Cidades, de 2009, mostram que cerca
de 55,5% da população brasileira não estão ligados a qualquer rede de
esgoto e que somente um terço dos detritos coletados no país é tratado.
“Podemos
dizer que a grande maioria do esgoto do país continua indo para os
cursos d’água, os rios, as lagoas, os reservatórios e,
consequentemente, o oceano. O Brasil parou no século 19. Qualquer
indicador que você pegue tem níveis dramáticos, que não têm nenhuma
relação com o avanço econômico que o Brasil vem tendo”, disse Carlos.
Para
o especialista, o Brasil teve avanços, principalmente com a criação do
Ministério das Cidades e com o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). Os progressos, no entanto, ainda são tímidos em relação às
necessidades do país.
Segundo ele, atualmente são
investidos entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões por ano em saneamento no
Brasil, quantia inferior à necessária para atingir as metas do governo
até 2030 – investimento de R$ 420 milhões pelos próximos 18 anos, o que
corresponde a cerca de R$ 20 bilhões por ano, de acordo com estimativas
feitas pelo Ministério das Cidades.
Mesmo com o
aumento dos recursos para saneamento básico nos últimos anos,
principalmente por causa do PAC, a maioria dos projetos não sai do
papel. Um levantamento divulgado no início de abril deste ano pelo
Trata Brasil, sobre as 114 principais obras de saneamento da primeira
fase do programa, mostra que apenas 7% delas estão prontas. Entre as
demais, 32% estavam paralisadas e 23% atrasadas.
“O
problema não é a falta de recursos. Os municípios não conseguem tocar
as obras. Muitos projetos [apresentados ao PAC] estavam desatualizados
e tinham problemas técnicos. Muitas obras não passaram nem na primeira
inspeção [do programa]”, informou o especialista.
Para
Édison Carlos, os principais entraves ao avanço do saneamento básico no
país são a falta de prioridade dada pelos políticos à questão e a falta
de interesse da população em cobrar essas obras das autoridades.
O
Instituto Trata Brasil participará da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Cnuds), a Rio+20, mas Édison Carlos
é cético em relação aos avanços que poderão ser obtidos.
“Espero
estar errado, mas acho que temas como os biocombustíveis, a questão da
floresta e o efeito estufa tendem a dominar as discussões. Além disso,
o que costuma balizar essas discussões são temas econômicos”.
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