Patriota: Brasil tem obrigação de ser ambicioso em relação à Rio+20

Marcos Magalhães
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, admitiu nesta quinta-feira (10) a existência de certo ceticismo em relação aos resultados que poderão ser alcançados durante a conferência Rio+20, sobre desenvolvimento sustentável, que ocorrerá em junho, no Rio de Janeiro. Ele, no entanto, confirmou a presença no evento de 116 chefes de Estado – número superior ao alcançado durante a conferência Rio 92 – e observou que o Brasil tem “obrigação de ser ambicioso” em relação ao tema.
Durante audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), a partir de requerimento de seu presidente, senador Fernando Collor (PTB-AL), o ministro alertou que não se pode “cair na armadilha de aceitar conceitos pré-fabricados de êxito ou fracasso” em relação à Rio+20.
Ao contrário da Rio 92, que chamou de “ponto de chegada” de negociações de acordos internacionais, a Rio+20 tem, em sua opinião, a proposta de ser um “ponto de partida” para a reflexão sobre o que se conseguiu ou não em relação ao meio ambiente nos últimos 20 anos.
– Concordo que existe certo ceticismo sobre a nossa possibilidade de avançar em direção a novas utopias. Isto pode ser saudável. O importante é ter em mente qual é a proposta da Rio+20, em que o Brasil exercerá liderança pelo exemplo – afirmou Patriota, em resposta a pergunta da senadora Ana Amélia (PP-RS), lembrando os esforços do país na redução de desmatamentos e no combate à pobreza.
O tema da Rio+20 também foi levantado pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que pediu ao ministro para defender as “conquistas” obtidas em 1992 e sugeriu à presidente Dilma Rousseff que abra a nova conferência com o alerta de que “a humanidade está em risco”.
No início da reunião, Collor anunciou a presença na Rio+20 dos presidentes recém eleitos da Rússia e da França, Vladimir Putin e François Hollande. Mas lamentou a ausência de delegação do Parlamento Europeu, que não estará no Rio de Janeiro em função dos altos custos das diárias cobradas pelos hotéis cariocas.
Ao final do encontro, a comissão aprovou requerimento do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) destinado a solicitar ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, que pressione a rede hoteleira pela redução dos valores das diárias. O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) absteve-se de votar, por considerar que esta seria uma “intervenção indevida” do Estado em uma questão privada, relativa à lei da oferta e da procura.
Multipolaridade
Em sua exposição aos senadores a respeito da política externa brasileira, Patriota observou que a ordem internacional está “cada vez mais multipolar”. Essa tendência se torna mais clara, a seu ver, quando se percebe que nenhum país individualmente consegue “pautar a ordem internacional” ou obter resultados em qualquer frente de atuação, sem buscar cooperação com outras nações.
– Esta é uma situação potencialmente interessante para o Brasil, que emerge pela primeira vez como um país de influência verdadeiramente global. Vejo o Brasil bem posicionado para trabalhar por uma multipolaridade de cooperação – afirmou.
Durante o debate, Dornelles defendeu a posição do governo brasileiro de levar à Organização Mundial do Comércio (OMC) o tema da desvalorização de moedas como instrumento de elevação da competitividade no comércio internacional. Ele propôs que o governo estimule empresas brasileiras que se sentirem prejudicadas a solicitar direitos compensatórios junto à OMC, por prática desleal de comércio. Por sua vez, Ana Amélia criticou recentes medidas protecionistas adotadas pela Argentina, que considerou prejudiciais ao Rio Grande do Sul.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu que o governo brasileiro se empenhe na busca de uma solução para o embargo econômico promovido há mais de 50 anos pelos Estados Unidos contra Cuba. Ele recordou ainda que todos os países latino-americanos reunidos na recente Cúpula das Américas, em Cartagena (Colômbia), pediram que Cuba seja convidada para a próxima reunião de cúpula do hemisfério.
Agência Senado

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