Obras no Canal do Panamá ajudam a atrair mais investimentos
A Tribuna -
Uma comitiva que reúne empresários
da construção civil e autoridades conheceu nesta semana o Canal do
Panamá. A viagem é parte do Ficon - Fórum da Indústria da Construção de
Santos e Região.
O
governo do Panamá desenvolve há uma década uma série de iniciativas
para maximizar os ganhos do país com seu canal de navegação, cuja
ampliação ficará pronta em 2014. Além da receita bilionária com a
passagem dos navios pela grande hidrovia, empresas recebem incentivos
para instalar todos os tipos de negócios, como call center, sucursais
bancárias, processamento de bens importados e até estúdios de cinema.
Segundo
a cônsul daquele país em Santos, Indira Cedeño, a americana Dell
instalou um call center na Área Econômica Especial Panamá Pacífico. Esse
organismo ocupa o trecho de terra do canal, na costa do Pacífico, que
antes pertencia a uma base militar dos Estados Unidos.
Logo
após apoiarem a separação do Panamá da Colômbia em 1903, os americanos
conseguiram o controle de um grande trecho de terra para construir o
canal, obra que foi feita entre 1904 e 1914. Antes de ser devolvido aos
panamenhos em 1999, o papel estratégico-militar do canal era mais
importante do que o comercial. Hoje, o Panamá utiliza seu patrimônio
logístico exatamente para deslanchar sua economia.
O
governo também estimula na área do canal a instalação de pátios de
contêineres e fábricas de montagem de produtos importados. Além disso, o
país já fatura com a Zona Franca de Colón, localizada no lado do
Atlântico. Ela conta com lojas livres de impostos tanto para atacado
como para compras individuais e um complexo de três portos. O governo
tenta atrair para lá negócios de reexportação - montagem industrial de
insumos importados.
Ao
longo das décadas, a cidade do Panamá se tornou um importante centro
financeiro devido aos bancos que disputam os clientes da marinha
mercante. Segundo a cônsul, a praça panamenha é hoje a segunda maior do
mundo, com 119 bancos estrangeiros, sem contar as instituições
nacionais. Muitos desses bancos instalam escritórios regionais que
ajudam a ocupar as salas dos imensos edifícios de escritórios.
Outro
fator que facilita o ingresso de investimento estrangeiro é a
facilidade para montar uma empresa no país. No Brasil, a abertura
consome um mês de espera na Junta Comercial e outro na Receita Federal,
segundo o construtor Salvador Franzese. No Panamá, o prazo é bem mais
curto, reduzindo os custos com a burocracia, sem falar na economia de
tempo.
O
advogado Belisario Porras, do escritório Patton, Moreno e Asvat, afirma
que a abertura de uma empresa no Panamá é uma das mais ágeis do mundo,
de apenas três a cinco dias, chegando no máximo a duas ou três semanas.
“Se o construtor estrangeiro quiser construir aqui, será exigido os
documentos da sociedade no país de origem”, afirma ele.
Ele
lembra ainda que há facilidades para o trabalho de mão de obra
estrangeira (no Brasil é preciso autorização do Ministério do Trabalho).
Na construção, os sindicatos panamenhos aceitam uma cota de 10% de
estrangeiros. Já a carga de impostos é simplificada. No Brasil são
dezenas de tributos que exigem gastos com funcionários e peregrinação
nos órgãos públicos. “Pode-se considerar que a economia do Panamá é
aberta ao investidor estrangeiro”, conclui o advogado.
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