Fotos de Madalena Schwartz que retratam artistas, travestis e transformistas do cenário paulistano dos anos 1970 são publicadas em livro




No dia 21 de maio, o Instituto Moreira Salles lança o livro Crisálidas, com 100 fotografias de Madalena Schwartz (1921-1993), que traz a público fotografias de artistas, travestis, transformistas e personagens do teatro underground paulistano. São imagens feitas por Madalena Schwartz durante a década de 1970, período ao mesmo tempo repressivo – em decorrência do regime militar – e transgressor – graças à efervescência de temas ligados à liberdade sexual que começavam a ter relevância e visibilidade.

Interessada pela androginia e pelo transformismo, temas que serviam de matéria-prima tanto para shows triviais de travestis como para uma leva de artistas inovadores, como os Secos & Molhados e os Dzi Croquettes, Madalena passou a frequentar bares e boates homossexuais paulistanos, ficou próxima a vários artistas desses grupos, bem como a figuras ligadas a eles, e os fotografou. A fotógrafa ficou fascinada pela excentricidade revelada tanto nas expressões faciais como na forma de se vestir. Na maioria das vezes, as fotografias eram feitas num estúdio improvisado em seu apartamento no edifício Copan, onde estabelecia com os retratados uma relação de proximidade, o que explica parte da força dessas fotos.

Nascida em Budapeste, em 1921, Madalena emigrou duas vezes: em 1934, órfã de mãe, foi viver com o pai na Argentina; em 1960, casada e mãe de dois filhos, mudou-se para o centro de São Paulo. Viveu na cidade até sua morte, em 1993. Não reconhecia no ato de fotografar a realização de uma arte, e sim uma etapa da luta por reconhecimento que todo imigrante deve vivenciar ao chegar em um país novo. Crisálidas é uma série fotográfica bastante emblemática do seu exercício da fotografia, pois retrata seres que, de certa forma, também deixaram vidas anteriores, seguindo por caminhos ousados, orientados pelo signo da diferença. Essa singularidade expressa nas figuras era justamente o que despertava em Madalena a curiosidade e o interesse pelo registro fotográfico.

Crisálidas
Fotos de Madalena Schwartz
Organização de Jorge Schwartz
136 pp.
R$ 80
22,5 x 30 cm
ISBN: 978-85-86707-80-3


Mais sobre Madalena Schwartz:

A obra da fotógrafa húngara no acervo do IMS, com mais de 16 mil imagens, é composta por retratos de paulistanos das décadas de 1970 e 1980, além de rostos anônimos registrados em viagens pelo Norte e Nordeste do país. Já instalada no Brasil, Madalena começa a estudar fotografia no Foto Cine Clube Bandeirantes, em 1966. No ano seguinte, ganha menção honrosa no 1° Salão Nacional de Arte Fotográfica de São Carlos, São Paulo. Na década de 1970, publica fotografias nas revistas Íris, Planeta, Claudia e Status, entre outras. Faz sua primeira exposição individual no Masp (Museu de Arte de São Paulo), em 1974. Entre 1979 e 1991, trabalha para a Rede Globo de Televisão e colabora com a Editora Abril. Em 1983, recebe o prêmio de melhor fotógrafa da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA. Algumas de suas fotos mais conhecidas são retratos de artistas plásticos, músicos e intelectuais brasileiros, como os de Sérgio Buarque de Hollanda e seu filho Chico Buarque, Clarice Lispector, Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Boletim Sesacre desta quarta, 29, sobre o coronavírus

Gestão de Gladson Cameli encerra 2021 com grandes avanços na Educação, Saúde, Segurança e Infraestrutura

Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa da Polícia Civil do Pará intensifica ações e aproxima a população de seus serviços