Ethos apoia empresários pelo veto ao Código Florestal
Eles pedem veto da presidenta Dilma à anistia aos desmatadores e à não recomposição de áreas de preservação permanente e reservas legais.
Por Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos
Nesta sexta-feira (4/5), no jornal Valor Econômico, cinco empresários entre os maiores do país se manifestaram a favor do veto da presidenta Dilma Rousseff à versão do Código Florestal aprovada na Câmara dos Deputados. Eles pedem veto à anistia aos desmatadores e à não recomposição de áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais (RLs), especificamente.

Também sugerem que outros empresários se manifestem a favor dos vetos, porque o assunto Código Florestal tem a ver com futuro do Brasil. Queremos um país que seja a locomotiva de uma nova economia, no qual todos se beneficiem das riquezas naturais, ou um Brasil que está sempre olhando no retrovisor, desperdiçando patrimônio e carregando passivos ambientais e sociais?

O Instituto Ethos apoia a iniciativa desses cinco empresários e quer conclamar seus associados a também fazerem o mesmo, declarando sua adesão à campanha “Veta, Dilma”.

Impacto do Código nos negócios

Os empresários são: Horácio Lafer Piva, acionista da Irmãos Klabin e ex-presidente da Fiesp; Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak; Pedro Passos, copresidente do Conselho de Administração da Natura; Roberto Oliveira de Lima, ex-presidente da Vivo e membro do conselho da Fundação SOS Mata Atlântica; e Roberto Klabin, presidente da Fundação SOS Mata Atlântica. Eles declararam seu apoio ao veto dos pontos mais polêmicos do Código Florestal, que são a anistia aos desmatadores e a não recuperação de APPs e RLs.

Para eles, o veto é, antes de tudo, uma questão de ética: se existe uma lei proibindo desmatamento, ela precisa ser respeitada, como muitos produtores rurais o fizeram. O veto também é importante para dar a mais setores da sociedade a chance de discutir a importância do Código Florestal para o Brasil que está sendo construído.

De modo geral, a sociedade percebe esse assunto de maneira difusa e longe das preocupações diárias. Mas “floresta” é tema vital para a vida urbana e para os negócios. O desmatamento até a beira dos rios e lagoas, por exemplo, já vem reduzindo a disponibilidade de água e dificultando o abastecimento de regiões urbanas. Sem áreas de proteção permanente e reservas legais, o solo se degrada e a própria atividade agrícola fica comprometida.

Outro ponto importante é que já há grandes empresas cujo sucesso depende do manejo sustentável e inteligente de florestas, como a Natura e a Tetra Pak. Ampliar o desmatamento ou não recuperar áreas degradadas significa impedir que novos negócios como esses floresçam e gerem renda e trabalho no campo.

Brasileiros e meio ambiente: preocupação aumenta
O apoio desses empresários à campanha “Veta, Dilma” os aproxima da sociedade brasileira. Uma pesquisa do Ibope, divulgada hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo, mostra que 94% dos brasileiros se preocupam com o meio ambiente. A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e também aponta que o desmatamento é o tema que causa maior apreensão. Dos entrevistados, 44% afirmaram que a proteção ao meio ambiente deve ter prioridade sobre o crescimento econômico, índice 14% maior do que o da pesquisa anterior, de 2010, que era de 30%. Mais: 40% acreditam que é possível conciliar proteção ambiental e crescimento econômico, 53% citam o desmatamento como o problema ambiental mais grave e 52% dizem estar dispostos a pagar mais por um produto ambientalmente correto.

Esses dados demonstram um aumento crescente da consciência a respeito dos problemas ambientais do país. Os dados também sinalizam um descompasso entre as preocupações sobre meio ambiente do cidadão comum e as do representante que ele elegeu para o Congresso. Por isso, talvez, os parlamentares não se sintam pressionados por seus eleitores. Faltou mobilização para explicar à sociedade a importância de um Código Florestal moderno, como falta para outros temas ambientais.

Na entrevista ao Valor, os cinco empresários reconhecem essa falha. Reconhecem, inclusive, que, como representantes de um dos setores mais organizados da sociedade – a indústria –, poderiam ter feito muito mais para esclarecer o próprio segmento e a sociedade a respeito do Código Florestal. Por isso, esperam o veto presidencial.

A partir desse ato, o assunto volta à Câmara dos Deputados e aí poderá ser mais amplamente discutido e reescrito, levando em conta as prioridades de um país que quer ser locomotiva da nova economia. Construí-la é um esforço de toda a sociedade. Por isso, a questão do Código Florestal extrapola o agronegócio; é assunto estratégico para o Brasil do futuro, que precisa da floresta para produzir sua riqueza.

Por isso, o Instituto Ethos faz eco à posição dos cinco empresários e conclama seus associados a entrarem na campanha “Veta, Dilma”. Como? Declarando esse posicionamento em reuniões com funcionários, com fornecedores, com a comunidade; anunciando em seus veículos institucionais, ligando para os parlamentares e enviando mensagens para a Casa Civil da Presidência da República.

O Brasil que queremos construir começa por um Código Florestal que realmente promova o valor da floresta em pé, da biodioversidade e das riquezas que elas agregam ao país.

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